Touvedo abriu uma goela, o Vez encheu-se de brios, o Cabrão deu um ar da sua graça e eis que tivemos o Lima a ocupar o seu leito natural em Ponte de Lima. Claro que o nível a que as águas do Lima chegaram, se fosse na minha juventude, alcançar-se-ia ao fim de meio-dia de chuva. Naquele tempo era frequente que esta feira, as feiras do mel, fosse efectuada pela avenida António Feijó acima. O mel vendia-se no topo superior da actual paragem dos táxis, ao virar da esquina de quem vai para os Bombeiros.
Naqueles tempos, anos cinquenta e sessenta em especial, não havia ano que o Rio não viesse uma boa dúzia de vezes ao passeio 25 de Abril, das quais em metade a água vinha à esquina da Torre da Expectação e uma vez ou duas ao Largo de Camões. Dentro da Vila o mais espectacular era a saída da Rua Beato Francisco Pacheco para o Largo de S. José. Só que, embora já estivessem prevenidos, os moradores não achavam graça nenhuma.
“Ainda te cantam versos, filha da mãe!” é uma célebre frase disparada por um comerciante limiano particularmente agastado com tanta invasão da água suja da cheia. E nem sempre os comerciantes acertavam na dimensão do perigo. Colocavam os seus produtos num patamar aonde pensavam que a água não chegava, mas esta às vezes pregava-lhes uma partida e obrigava-os a mudar tudo à última da hora. Mesmo assim era raro isso acontecer.
Havia uma relação íntima com o rio, uma amizade intensa, uma grande cumplicidade. Como ser objecto de adoração, no Lima víamos a força da natureza, mas também a força da vida, um ser que podíamos compreender, com que nos podíamos relacionar e partilhar os dias quentes de Verão e o vento temperado do sudoeste de Inverno. A barragem do Lindoso amansou o Rio mas afastou-o das nossas vidas. Os areeiros e a poluição fizeram o resto.
Naqueles tempos, anos cinquenta e sessenta em especial, não havia ano que o Rio não viesse uma boa dúzia de vezes ao passeio 25 de Abril, das quais em metade a água vinha à esquina da Torre da Expectação e uma vez ou duas ao Largo de Camões. Dentro da Vila o mais espectacular era a saída da Rua Beato Francisco Pacheco para o Largo de S. José. Só que, embora já estivessem prevenidos, os moradores não achavam graça nenhuma.
“Ainda te cantam versos, filha da mãe!” é uma célebre frase disparada por um comerciante limiano particularmente agastado com tanta invasão da água suja da cheia. E nem sempre os comerciantes acertavam na dimensão do perigo. Colocavam os seus produtos num patamar aonde pensavam que a água não chegava, mas esta às vezes pregava-lhes uma partida e obrigava-os a mudar tudo à última da hora. Mesmo assim era raro isso acontecer.
Havia uma relação íntima com o rio, uma amizade intensa, uma grande cumplicidade. Como ser objecto de adoração, no Lima víamos a força da natureza, mas também a força da vida, um ser que podíamos compreender, com que nos podíamos relacionar e partilhar os dias quentes de Verão e o vento temperado do sudoeste de Inverno. A barragem do Lindoso amansou o Rio mas afastou-o das nossas vidas. Os areeiros e a poluição fizeram o resto.
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