20 dezembro 2009

A importância do sexo não deve prejudicar a família

Chamaram-se a atenção para o facto de as minhas ideias contribuírem para dar às ligações homossexuais uma dignidade superior à que os próprios reivindicam. Efectivamente que duas ou mais pessoas que vivam em conjunto, independentemente de praticarem relações sexuais, seja de que natureza for, possam reivindicar um estatuto em tudo igual a qualquer família, é questão aceite por muita gente.
Dentro de uma família não há obrigatoriamente actos sexuais com ou sem fim especifico. Também não há laços de consanguinidade entre todos os seus membros, mas há laços afectivos ou pelo menos de simples gratidão que se defendem sempre que afrouxam para que haja estabilidade familiar. Por isso há uns tempos um Bispo chamava a atenção para o facto de duas senhoras que nunca pensaram ter relações sexuais entre si, com leis deste género, saíam penalizadas em relação a duas que as tinham, mas que com isso não contribuíam em nada em termos sociais.
A velha saída utilizada para desmontar casamentos de dizer que não havia consumação dum casamento porque não havia filhos ou outros vestígios de que se tivessem praticado actos sexuais entre o casal heterossexual deixa de fazer sentido com casais homossexuais. Ninguém vai espreitar à porta de uma casa para saber se duas senhoras que vivem em perfeita harmonia se concubinam ou não. Tal é irrelevante em termos sociais. E se, na hipótese de o terem feito uns tempos, o deixam de fazer, mais irrelevante ainda é.
O Estado devia legislar mais sobre a família, defendendo aqueles que seguem um caminho comum irmanado de sentimentos em tudo iguais aos de qualquer família tradicional. Os casamentos, as uniões de facto, outros quaisquer enlaces que se possam constituir, mereçam ou não registo público, sejam explícitos ou tácitos os compromissos assumidos pelas pessoas, são casos específicos integráveis em princípio no conceito de família.
Mesmo dentro das famílias tradicionais, os homossexuais já não são marginalizados como outrora. Independentemente de razões científicas, sociais ou de outra natureza que justifiquem o fenómeno, ele é genericamente aceite, na maioria dos casos a contragosto, mas de modo benévolo. Uma família é uma unidade social, benéfica para a procriação, mas esse não é um objectivo único, pelo que os homossexuais não podem ser expulsos da família.

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Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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