27 fevereiro 2009

Sócrates, vítima da pirraça

Gosto imenso de uma pessoa que dê dois murros na mesa, que reaja forte quando se vê ofendida. Porém quem tem responsabilidades governativas, embora tenha todo o direito de agir dessa maneira, não o pode fazer por sistema, tem de manter a calma e ser indiferente ao motivo que lhe causa desagrado na maioria do tempo.
Gosto imenso de quem não suporta a canalha, mas é perante esta que um homem se sente mais impotente, mais se exaspera, com mais vontade se sente de manifestar o seu desprezo. Infelizmente parece que se entende que quem tem responsabilidades governativas tem que tratar a canalha por igual à gente e manter uma postura esfíngica e superior.
A canalha, quando a reacção não é suficientemente forte, utiliza-a como estímulo próprio para acentuar o acinte dos seus despropósitos. Inocentemente ou não muitas pessoas se entretêm a discutir mais esta luta desigual do que as questões de fundo que interessariam ao País. No fundo isso também mexe com eles. Também isso mexe comigo e por isso falo.
Sócrates sentiu necessidade de esclarecer quais as forças “ocultas” que se mexem, referindo-se a um jornal e a uma estação de TV. Efectivamente o espectáculo dado pelo Público e pela TVI é demasiado degradante, acintoso para que, mesmo pessoas que não gostem de Sócrates, gostem de os ouvir. A tal postura de canalha que se dedica à pirraça é a que eles assumem.
Depois do 25 de Abril muito político subiu à custa da vitimização. Sócrates não subiu dessa forma, nem é agora que vai precisar disso para se promover. Aqueles que se vitimizam adquirem normalmente um crédito extra junto do povo. Sócrates não precisa disso para vencer. Não é com este propósito que Sócrates procede desta maneira. Simplesmente lidar com canalha pirracenta, com tanta canalha junta, é muito difícil.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana