01 fevereiro 2009

Entrevista a um ex e sempre putativo candidato

Trigalfa – Sendo o líder da oposição na Câmara Municipal de Ponte de Lima e com a sua experiência porque razão não se volta a candidatar pelo seu partido?
Manolo Milheiro – O meu partido tem quadros suficientes para não ocupar o cenário sempre com as mesmas caras.
Trigalfa – Sente que a sua imagem terá enfastiado, está gasta?
Manolo Milheiro – Sinto-me um jovem com experiência.
Trigalfa – Qual a sua opinião sobre a escolha do seu partido?
Manolo Milheiro – Como o Tony Martinez não apoia o nosso candidato claro que tenho que ser eu a apoiar.
Trigalfa – Quer dizer que no PSD nunca há acordo?
Manolo Milheiro – Desde que o partido se dividiu entre o carrascão e o chá das cinco que assim é. E isso tem-nos retirado força.
Trigalfa – Vai ficar-se por aí?
Manolo Milheiro – No nosso partido andamos sempre por aí. Uma reforma, um emprego do Estado e vamos andando por aí. Não vê o Santanete? Quando temos valor não tenham pena de nós. A última coisa que faria era ir pedir a casa do vizinho. A nossa estratégia é tirar o vizinho da casa.
Trigalfa – Comparar-se ao Santanete não é pretensão exagerada?
Manolo Milheiro – Sou dirigente distrital e tenho o meu peso. Tenho boa presença na TV, mas nem sempre tenho oportunidade de lá aparecer. Enquanto vou treinando.
Trigalfa – Então o Tony Martinez não o vai parar?
Manolo Milheiro – O Tony teve o seu tempo, está no plano descendente. Não entro na Havanesa, porque não entro onde o inimigo conspira.
Trigalfa – Não teria sido por ter escolhido mal o seu quartel-general?
Manolo Milheiro – Então há lá sítio melhor? Estou perto da Câmara, perto dos Bombeiros e da Polícia, o Hospital não fica longe, como vê quando me chamarem estou sempre disponível.
Trigalfa – E da escola onde trabalha. Que diz da actual situação?
Manolo Milheiro – Cada vez gosto menos de ir à escola. Estou saturado. Sempre que posso fugir para a política ou para a minha actividade profissional fujo. Para mim o essencial é que os alunos tenham professores satisfeitos, bem remunerados, sempre em festa e com tempo para descansarem. Aos alunos já chega o que passam nas explicações.
Trigalfa – Quer dizer que é contra a avaliação e a Ministra da Educação?
Manolo Milheiro – Quem a avalia somos nós e não merece positiva. É uma pretensiosa, com aquela figura timorata bem nos queria tramar a vida. Mas o povo social-democrata e até socialista está cá para lhe fazer frente.
Trigalfa – Porque se acobertam detrás dos comunistas dos sindicatos e utilizam uma linguagem que nem os operários do Barreiro alguma vez usaram?
Manolo Milheiro – Andam a dizer isso para nos deitarem abaixo. As coincidências acontecem e não vamos dizer aos comunistas para se irem embora. Aliás o BE tem excelente imagem, têm cara de santos, são os mártires dos dias de hoje. Não sou eu que tenho vocação para santo e eles fazem falta.
Trigalfa – Com os correligionários que cá tem parece sentir-se melhor na política nacional?
Manolo Milheiro – Tenho de reconhecer que isto aqui é pequeno para mim. Não tenho o reconhecimento devido, nem como professor, nem na minha restante actividade profissional, muito menos na actividade política. Vejo tantos a receber medalhas da Câmara e eu? Sim, eu?

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
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