14 fevereiro 2009

O Sarrabulho, um prato popular a recriar

Que Ponte de Lima queira tirar partido do sarrabulho, tudo bem. Há outros sarrabulhos no País, mas não haverá dúvidas que se criou aqui uma tradição de o servir em restaurantes populares com uma confecção específica. Mas acho que se está a ir pelo caminho errado.
A necessidade de certificação do prato não tem que passar por um padrão apertado usado na sua feitura. A necessidade de utilizar produtos previamente embalados é um contratempo para os restaurantes que deriva de que a utilização de produtos frescos pode não ocorrer em tempo útil. Mas também isso não obriga a que haja um fornecedor único que garantiria a utilização de um padrão definido.
Num recente jantar da Confraria do Sarrabulho Daniel Campelo defendeu que “temos de fazer o sarrabulho como manda a confraria”, que “não devemos vender o que não temos”, que “devia haver um preço de referência que os confrades deviam respeitar”, “devia haver uma padrão de produto e de preço do sarrabulho”.
Mais defendeu que “os restaurantes têm que funcionar cada vez mais em equipa e cada restaurante tem que funcionar como um agente promocional da sua terra … se não fica cada um com o seu quintal, mas pode ficar com coisa pouca”.
Não há decerto ramo de actividade em que mais se justifique a concorrência. No preço, até porque este está ou deve estar dependente de outros factores como conforto, qualidade do atendimento, etc. Na confecção porque é benéfico que se estimule a criatividade e a diferenciação. Daniel Campelo quer padronizar uma mediania pouco mais que sofrível?

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana