Antes do 25 de Abril o povo miúdo, desculpem-me a expressão, se lhes fere a sensibilidade, que, para mim, é a que mais se coaduna para o distinguir do outro restante, que não quer ser povo só porque é do graúdo, o povo miúdo, digo eu, era mentalizado, porque pequenos eram os seus horizontes, a considerar-se o melhor do mundo, valente quanto bastasse para vencer exércitos dez vezes superiores, esperto que chegasse para enganar qualquer um, por mais experiente que fosse, no engenho e na arte.
Este povo miúdo já alargou bem os horizontes, já vai e vem para as Caraíbas, já ajuda a alimentar espectáculos mediáticos nem que seja pela televisão, mas falta-lhe um brilhozinho nos olhos, a alegria de reencontrar um destino superior que lhe estaria destinado, um crachá que possa mostrar a todo o mundo, que ninguém o venha cá rebaixar, mandem mas é dinheiro.
Deite-se a ignorância para trás das costas, envernizem-se os “pin”, as medalhas, as taças, a fivela do cinto, os ilhós dos sapatos e vá de proclamar, esconda-se o suficiente a deficiente qualificação, a fraca valorização e esmere-se a certificação com uns dourados e floreados no diploma e, digo de novo, vá de proclamar bem alto: Somos os Maiores!
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