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O presente é aquilo que se vê, que múltiplos olhos vêm, os nossos, os daqueles que pouco vêm, o daqueles que vêm de mais, os olhos poliédricos, os olhos reflectores, os antolhados.
O futuro é a expectativa que temos, dada por aquilo que nós somos capazes de imaginar, baseada em todos os saberes que tivemos a fortuna de adquirir, a vontade de perseguir, o destemor de agarrar.
O futuro não é aquilo que nós colocamos na expectativa de ser ou não ser, não é um lamento antecipado ou a confirmação de uma certeza. O futuro é a própria expectativa que nós transportamos, o imprevisto que nos pode surpreender, a incógnita do que não dominamos.
Como o passado, o futuro está agarrado a nós, faz parte da nossa idiossincrasia, tem o grau de incerteza com que nós sempre encaramos o presente, tem o grau de insegurança de quem nunca foi senhor absoluto do seu destino.
Este é o futuro de cada um, de que se faz o futuro da sociedade e do mundo. Um futuro que resulta da confluência de muitos factores, muitas forças e pouco humores. Por isso não vale a pena estarmos mal-humorados, destilarmos em nós toda a espécie de veneno, que nos vai corroer a alma e avivar as feridas de que os outros já possivelmente sofrem.
O mal humor pode dar-nos alguma satisfação se pensarmos que estamos melhor quanto pior os outros se sentirem. Mas quão melhor seria procurarmos a sua razão de ser, tentarmos contribuir para que os erros se não repitam, porque, se nós conseguirmos compreender (¿) os erros, não temos o direito de os “des/culpabilizar” às pessoas, nem de termos por isso mau humor.
Mais do que arranjar culpados e inocentes o nosso dever é construir o futuro, de certo com alguns erros mas com a consciência serena de que, para sairmos dos atoleiros em que a Humanidade se meteu, é preciso mais do que voluntarismo e boa vontade.
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