14 junho 2008

As razões do nosso esquerdismo (9)

Entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975 ocorreu um período de tanta ebulição, tanta mudança mesmo que reversível, tantos acontecimentos que têm suscitado atenção e estudo que vai ser necessário analisar com cada vez mais precisão.
Há uma clara vantagem em relação a outros fenómenos do género porque ocorreram num país pequeno, numa amplitude e rapidez nunca vistas, em que se não houve consolidação das situações, houve mesmo assim tempo para tirar conclusões e seguir novos rumos.
Para aqueles que viveram este período a valorização que atribuem aos vários acontecimentos pode se ver desde logo pela medida do tempo vivido. Nas ocasiões de avanço o tempo contava muito, isto é, em pouco tempo se vivia uma eternidade. Nas ocasiões de retrocesso o tempo contava pouco, era tempo em que se esquecia o reverso para continuar a viver a euforia.
E outros, segundo a sua própria simpatia, veriam as coisas ao contrário. O problema está sempre para quem não aceita as interpretações lineares dos acontecimentos. Esses têm sempre mais dificuldade do que aqueles que já têm ideias prévias, mesmo que menos correctas porque analisaram a realidade somente segundo os seus próprios valores.
Também o carácter decisivo de certos momentos está sujeito a interpretações variadas, principalmente no que se refere à produção de efeitos consolidados ou tão só o maior ou menor grau de vantagens psicológicas que deles advierem.
Momentos decisivas foram subestimados na altura, como não tendo efeitos determinantes, outros foram supra valorizados para que o seu efeito psicológico fosse anestesiante bastante para neutralizar as forças adversas.
Hoje as coisas têm que ser lidas pelos efeitos efectivamente produzidos, servindo isto também para avaliar o grau de ilusão que existia no comportamento de cada um.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana