05 junho 2008

As razões do nosso esquerdismo (1)

A 25 de Abril de 1974 o PCP era um partido pequeno. Em muitos locais só havia uma certa recordação de tempos passados em que tinha havido alguma luta. Se nada já restava de concreto, tinha ficado a convicção que o PCP logo que houvesse uma réstia de liberdade era capaz de conseguir uma implantação mais ou menos repentina e significativa.
A crise do petróleo de 1973, o boicote prometido dos países árabes ao fornecimento de petróleo a Portugal, a incomodidade dos Países Ocidentais especialmente dos Nórdicos, a mudança que o pragmatismo americano implicou na sua política, o mal-estar do Vaticano manifestado na recepção dos líderes africanos dos movimentos de libertação, levaram os oficiais do Exército a repensarem o seu posicionamento.
O governo seguiu pelo pior caminho, ao tentar captar oficiais milicianos para os seus quadros, favorecendo-os, já que havia voluntários prontos a serem esse género de mercenários, mas já os não havia para seguir uma carreira militar desprestigiada nas Academias. Os filhos não sentiam esse apelo, os pais não corriam esse risco.
O golpe militar foi feito por um exército desacreditado e que enfim teve consciência dessa situação ao ser obrigado por causa múltiplas a repensar-se. Os recursos intelectuais dos seus membros eram poucos e os partidos tentaram fornecer-lhes as cartilhas apropriadas a uma politização rápida e claramente tendenciosa.
O clima libertário que se instalou derivou muito da falta de preparação dos dirigentes da transição. Esse clima não era porém favorável aos interesses do PCP. Mas perante a alternativa spinolista de um presidencialismo assente na força militar e que ainda alimentava ideias imperialistas, o PCP aproveitou o falhanço da maioria silenciosa em 28 de Setembro para acelerar as mudanças.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana