16 junho 2008

As razões do nosso esquerdismo (11)

O período de 25 de Abril de 1974 a 25 de Novembro de 1975 foi fértil em acontecimentos que foram contribuindo essencialmente para nos conhecemos melhor, para irmos mudando a forma como nos avaliávamos uns aos outros antes do 25 de Abril numa sociedade que para os fascistas e para os antifascistas era dicotómica.
A maioria da população era não participativa, apática mesmo, não sabia bem daquilo que ela própria seria capaz. Marcelo Caetano, que criou algumas esperanças, viria a defraudá-las todas, acabando sob os efeitos do mais banal dos acontecimentos: O fim das vacas gordas a que se conformou.
Sá Carneiro viria a ser a esperança na possibilidade da via que o marcelismo não conseguiu ser. A sua morte só viria a confirmar que a morte não é a confirmação de nada. A grande volatilidade a que estava submetida a vida social a política não permitiu que a sua via lhe tenha sobrevivido a não ser sob uma forma mitigada de cavaquismo.
Mas no PREC Sá Carneiro tinha um forte apoio militar só que nem sempre concretizado devido às vicissitudes da sua própria vida pessoal e política. A corrente de Sá Carneiro viria a adquirir mais tarde a importância que não teve no PREC. Aqui tudo se discutiu como se houvesse um socialismo consolidado, irreversível e inquestionável.
Os sectores vanguardistas tudo tentaram para continuar a pôr as questões em termos simplistas, dicotómicos, como se houvesse suporte para manter este estado de coisas tão “avançado”. Por força desta situação continuamos a ignorar muitas das nossas características. Interessava tão só o apoio, não interessava ir mais além no conhecimento dos que apoiavam.
Uns acobertavam-se debaixo do rótulo de progressistas, outros assumiram claramente o “reviralho”, embora poucos sonhassem voltar à situação anterior ao 25 de Abril. A maioria expectava, mas já ninguém era indiferente.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana