27 junho 2008

As razões do nosso esquerdismo (22)

O esquerdismo actual perdeu uma das suas mais célebres, mais controversas, mas mesmo assim mais generosas bandeiras: O Internacionalismo. A esquerda clássica ficou sem farol, deixou de ter uma orientação, deixou de invocar causas internacionalistas. Esporadicamente apoia uns regimes caquécticos, resquícios dos velhos apoiados da URSS como a Coreia do Norte, Cuba, Zimbabué, outros antigos inimigos daquela, como a China, novas e velhas ditaduras anti-americanas.
O esquerdismo actual é nacionalista, fechado, incapaz de uma leitura coerente do panorama mundial, olhando somente para a barriga e a vida boa das classes médias urbanas do velho mundo. A solidariedade com o resto do mundo fica-se ao nível das ONG que mais parecem servir para dar emprego a gente desenraizada, mas não têm qualquer papel político. Os povos do terceiro mundo perderam o seu encanto de jovens miseráveis.
O esquerdismo actual abdicou de participar em fóruns internacionais, quase se diria que não tem parceiros, é um fenómeno português, sem preocupação em deixar de o ser, em se projectar. Aliás nós somos um País de copiadores, não digo que alguns não tenham alguma qualidade. A nossa política faz-se sempre com uma atraso relativo bastante grande. Em muitos aspectos e durante muitos anos o nosso paradigma era a França.
O esquerdismo militante europeu já há muito se extinguiu. Os ecologistas perderam influência com as suas contradições. O trabalho dos esquerdistas portugueses, a seguir o mesmo caminho daqueles, é para deitar fora. Qualquer dia o esquerdismo já nem a linguagem controla, ou porque caiu na vulgarização ou pela vulgarização que dela fazem os órgãos de comunicação.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana