Portugal é um País rampeado, inclinado para o mar. Mas valha a verdade que não o é homogeneamente. Tem mais declive para um lado, Lisboa, do que para o resto da costa. E o próprio litoral Norte pende para o Centro-Sul, assim como o Sul também balança para essa posição ao nível do mar que é Lisboa.
Mas mesmo que se conseguisse nivelar o litoral de Caminha a Vila Real de Santo António, mesmo assim o País inclinar-se-ia exageradamente para o oceano, esse mar tão salgado mas que nós adoramos e bendizemos, porque é a nossa verdadeira fronteira com o mundo.
É por isso que a grande questão em que os defensores da regionalização têm que assentar é na luta pertinaz e consequente contra a desertificação do interior, esse interior que é o berço da maioria de nós e a que nós viramos as costas logo que arranjamos um pouso à beira-mar.
Libertamo-nos definitivamente dos nossos irmãos espanhóis na sequência da derrota de Armada Invencível e nunca haveríamos de ter qualquer necessidade de afirmação perante eles mas tudo mudou. Já começamos a ter vergonha nessa outra fronteira que tão mal nos deixa ficar.
É verdade que quem vê telejornais, e presumo que quase cem por cento de nós, se surpreende todos os dias com coisas novas que nos são mostradas e aparecem fora dos grandes aglomerados urbanos.
O problema é que no interior se gastam milhares e já se consegue uma obra com certa visibilidade e nas capitais se gastam milhões para obter o mesmo efeito. O problema é que no interior se discute interminavelmente se se há-de iluminar uma torre medieval e no Porto não há problema para iluminar os arcos da Ponte da Arrábida toda a noite. E, embora haja, não podemos dizer que é tudo dinheiro mal gasto.
O reforço das disparidades regionais, a cada vez menor coesão nacional, parecem ser as consequências mais evidentes das medidas propostas por alguns regionalistas que, no sei afã anti-centralista, mais parece anti-lisboeta, advogam ideias contraproducentes que, a serem postos em prática, nada trariam de benéfico para o interior.
Há aqueles que terão o suficiente calculismo para disfarçar, mas convenhamos que haverá outros que nem disto são capazes e mais valia reflectirem melhor. Nunca será possível nivelar os territórios, mas o nivelamento dos mais ricos parece preocupar mais do que a recuperação dos mais pobres.
A questão do interior não é fácil porque depois do capital também já lá vai faltando gente e, se não houver uma inversão desta situação, tudo se vai agravar. Os mais cínicos dirão que não havendo residentes também não haverá votos contra a regionalização.
É uma tendência tão forte que só o Estado está em condições de contribuir para a sua inversão. Mas, estando asseguradas as infra-estruturas básicas, terão que ser os empresários a ter a iniciativa, a capacidade e o engenho de encontrar as actividades que aí terão implantação.
A simples aposta nos sectores tradicionais não é suficiente para garantir a sustentabilidade de um sistema sócio-económico em profunda crise, arrastado precisamente por aqueles sectores.
Realço o que Emilio Pérez Touriño, Presidente da Junta da Galiza, diz em entrevista ao JN:
A descentralização política, a autonomia, ajudou muito ao que o meu antecessor (Fraga Iribarne) chamava de auto-identificação do país, ao gerar forças próprias e estímulos endógenos. Mas não é o cem por cento da explicação. Tem também muito a ver com iniciativa empresarial. A autonomia foi um factor decisivo para gerar iniciativa empresarial, para lhe dar asas, para que voassem as iniciativas e para dotar a Galiza de equipamentos, de serviços, de estruturas, e para o crescimento das universidades. A excelência empresarial tem muito a ver com o âmbito autonómico. Mas, dito isto, também é verdade que a própria iniciativa empresarial, que umas vezes acerta e outras não, foi determinante.
Mas mesmo que se conseguisse nivelar o litoral de Caminha a Vila Real de Santo António, mesmo assim o País inclinar-se-ia exageradamente para o oceano, esse mar tão salgado mas que nós adoramos e bendizemos, porque é a nossa verdadeira fronteira com o mundo.
É por isso que a grande questão em que os defensores da regionalização têm que assentar é na luta pertinaz e consequente contra a desertificação do interior, esse interior que é o berço da maioria de nós e a que nós viramos as costas logo que arranjamos um pouso à beira-mar.
Libertamo-nos definitivamente dos nossos irmãos espanhóis na sequência da derrota de Armada Invencível e nunca haveríamos de ter qualquer necessidade de afirmação perante eles mas tudo mudou. Já começamos a ter vergonha nessa outra fronteira que tão mal nos deixa ficar.
É verdade que quem vê telejornais, e presumo que quase cem por cento de nós, se surpreende todos os dias com coisas novas que nos são mostradas e aparecem fora dos grandes aglomerados urbanos.
O problema é que no interior se gastam milhares e já se consegue uma obra com certa visibilidade e nas capitais se gastam milhões para obter o mesmo efeito. O problema é que no interior se discute interminavelmente se se há-de iluminar uma torre medieval e no Porto não há problema para iluminar os arcos da Ponte da Arrábida toda a noite. E, embora haja, não podemos dizer que é tudo dinheiro mal gasto.
O reforço das disparidades regionais, a cada vez menor coesão nacional, parecem ser as consequências mais evidentes das medidas propostas por alguns regionalistas que, no sei afã anti-centralista, mais parece anti-lisboeta, advogam ideias contraproducentes que, a serem postos em prática, nada trariam de benéfico para o interior.
Há aqueles que terão o suficiente calculismo para disfarçar, mas convenhamos que haverá outros que nem disto são capazes e mais valia reflectirem melhor. Nunca será possível nivelar os territórios, mas o nivelamento dos mais ricos parece preocupar mais do que a recuperação dos mais pobres.
A questão do interior não é fácil porque depois do capital também já lá vai faltando gente e, se não houver uma inversão desta situação, tudo se vai agravar. Os mais cínicos dirão que não havendo residentes também não haverá votos contra a regionalização.
É uma tendência tão forte que só o Estado está em condições de contribuir para a sua inversão. Mas, estando asseguradas as infra-estruturas básicas, terão que ser os empresários a ter a iniciativa, a capacidade e o engenho de encontrar as actividades que aí terão implantação.
A simples aposta nos sectores tradicionais não é suficiente para garantir a sustentabilidade de um sistema sócio-económico em profunda crise, arrastado precisamente por aqueles sectores.
Realço o que Emilio Pérez Touriño, Presidente da Junta da Galiza, diz em entrevista ao JN:
A descentralização política, a autonomia, ajudou muito ao que o meu antecessor (Fraga Iribarne) chamava de auto-identificação do país, ao gerar forças próprias e estímulos endógenos. Mas não é o cem por cento da explicação. Tem também muito a ver com iniciativa empresarial. A autonomia foi um factor decisivo para gerar iniciativa empresarial, para lhe dar asas, para que voassem as iniciativas e para dotar a Galiza de equipamentos, de serviços, de estruturas, e para o crescimento das universidades. A excelência empresarial tem muito a ver com o âmbito autonómico. Mas, dito isto, também é verdade que a própria iniciativa empresarial, que umas vezes acerta e outras não, foi determinante.
1 comentário:
Olhem bem a fotografia aérea: Sistelo,Padrão, Porto Covas. Uma freguesia, três lugares condenados a serem engolidos pelas montanhas. É a nossa identidade em risco. Que serve termos uma Federação,um País, uma Região. Corremos o risco de ficarmos sem coração.
Enviar um comentário