06 junho 2007

A Vaca das Cordas, brincadeira ou crueldade?

A Vaca das Cordas saiu intrépida, decidida a vender caro o papel que lhe atribuem perante a ousadia de uns tantos que, fiados nas cordas que a prendem, se vão aproximando e arrenegando para ela a eles se fazer.
Jogo selvagem, sinal da brutalidade, resquício de barbaridade que impregna o nosso passado? Nada disso. A nossa agressividade sempre se manifestou mais contra os nossos próprios semelhantes do que sobre os indefesos animais.
Claro que muitos são mortos para servir de alimento, mas nunca com o acompanhamento da crueldade que faz de nós os maiores carrascos de nós mesmos. Pelo contrário o seu sacrifício foi muitas vezes entendido como necessário para aplacar as divindades que se veneravam.
A morte dos animais raramente serviu como castigo, a não ser para aqueles que consideramos como parasitas prejudiciais ao equilíbrio ecológico da terra. Também o uso dos animais para divertimento é um fenómeno esporádico, que não tem qualquer natureza persecutória.
A Vaca das Cordas submete-se involuntariamente a actos que estão de tal modo longe das sevícias, dos horrores da inquisição, da escravatura, do holocausto, de muitas guerras de África e Ásia, até mesmo do circo romano, que acho que ela tudo nos perdoaria se não lhe déssemos logo o cruel destino de ser transformada em bifes (suculentos dizem).

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana