19 junho 2007

Não olhes para o que digo ao Trigueiro, olha para o que digo ao Mendes

No sentido de pôr um pouco de disciplina na questão da aplicação da justiça aos autarcas, o P.S. elaborou um projecto de lei que prevê a suspensão automática do seu mandato em caso de ser feita uma acusação que possa implicar um pena de prisão superior a três anos.
Não sendo os partidos donos dos mandatos autárquicos, tão só são senhores de propor pessoas para os assumir, também não cabe aos seus líderes determinar a sua perda quando os autarcas estão em funções.
O objectivo é que exemplos como o de Lisboa se não repitam com um Marques Mendes qualquer, politiqueiro do pior que nós temos, armado em justiceiro mor, a determinar quem está ou não em condições de continuar a exercer um mandato para que foi eleito.
Mas em Ponte de Lima também temos um justiceiro à nossa medida que peca por não exercer nenhum cargo na estrutura partidária social-democrata mas anda muito activo aproveitando talvez o facto de ser Presidente da Assembleia de Freguesia de Ponte de Lima e atirando francamente pedras a tudo que se mova, dentro e fora do seu partido.
Daniel Campelo foi constituído arguido, desconhecendo-se até se a acusação foi ou não confirmada após o período de instrução do processo. Os crimes de que é acusado, e que envolvem mais dois funcionários da autarquia, são denegação de justiça e prevaricação e a acusação foi formulada após a perca por parte da Câmara Municipal de uma acção que um particular lhe moveu e que ela perdeu em todas as instâncias, tendo que indemnizar aquele.
O Presidente da Câmara diz que, se agiu erradamente, a isso foi induzido pelos pareceres dos técnicos autárquicos, embora pareça a todos ser evidente que a Câmara terá utilizado meios mais expeditos do que aqueles que a lei lhe permitiria. Tanto assim que Daniel Campelo até invocou uma pretensa ingovernabilidade da Câmara se houvesse um cumprimento estrito da lei.
Há aqui um evidente julgamento político a fazer e esse é sobre a falta de rigor decisório, assente na falta ou no excessivo preciosismo, na falta ou excessivo facilitismo que nós vemos em muitas ocasiões. Podemos facilmente invocar a falta de equilíbrio e de bom senso que seria necessário manter para gerir situações complexas que a lei não está habilitada a configurar detalhadamente em todos os seus diferentes pormenores.
Mas é evidente que as relações mais problemáticas duma autarquia não são com os particulares mas sim com os empreiteiros e essas é que deveriam merecer das oposições maior empenho em que fossem mais transparentes e sérias e, porque não, merecer os comentários destes politiqueiros, mesmo que sejam tão só franco atiradores.
Se o João Carlos julga dar uma prova de independência ao estar a criticar tão veementemente o seu Chefe Mendes, só se pode tomar como uma posição pessoal, um conflito interno ao seu partido local.
A lei tem que ser clara e não poder ser dado aos caciques locais e nacionais o direito de se imiscuírem no exercício das funções autárquicas. Mas os tribunais devem ter esse direito e esses devem poder determinar a suspensão dos mandatos quando haja perigo da continuação de uma actuação delituosa.
Deixemos que sejam os tribunais a determinar se este caso é suficientemente grave, se a Câmara deve ser ressarcida dos prejuízos que teve, se os funcionários devem ser penalizados e se o Presidente da Câmara, como supremo avalista de um procedimento já reprovado ainda terá que sofrer penalizações que o inibam dos seus direitos cívicos.
Além de o não julgarmos antecipadamente e em local inapropriado não pretendemos uma antecipação de uma lei projectada mas de que se não definiram ainda os exactos contornos e as implicâncias que possa ter em cada caso específico.
Enfim este bloguista http://pontedelima.blogspot.com/ é contraditório: Queria condenar Campelo e salta em defesa dos coitados dos perseguidos autarcas. Condena Marques Mendes por perseguir autarcas e queria que Manuel Trigueiro retirasse a confiança institucional a Campelo. Este Senhor é um trapalhão que tropeça demasiado no tempo.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana