10 junho 2008

As razões do nosso esquerdismo (6)

Após o 25 de Abril de 1974 todos os partidos procuraram ter a sua influência nas forças armadas, uns mais às claras que outros, uns mais cedo que outros. Como instituição as forças armadas revelaram-se muito difíceis de dominar. Constituíam-na elementos muito heterogéneos, resultado em muito do carácter diferente da forma de angariação de seus quadros permanentes.
Em muitos países o exército permaneceu dominado por famílias poderosas, que viam nele e na Igreja duas excelentes formas de perpetuar o seu poder. Pertencer aos altos quadros do exército é ter entrada na alta sociedade, o brilho dos galões sai muito bem nos salões dourados. No entanto em Portugal o exército quase se podia dizer de origem proletária.
O conjunto mais importante mas desconexo de oficiais veio a manifestar o seu apoio a líderes civis à falta de uma liderança militar que a maioria talvez desejasse. Por efeito de circunstancialismos históricos e pessoais a maioria do apoio haveria de ser dado a Mário Soares. Porém é evidente que Sá Carneiro era desde o início o preferido do grupo mais vasto de militares.
Mas o PCP entrou com relativa facilidade mesmo a níveis insuspeitos, utilizando para isso todos os pretextos e artimanhas para conseguir adesões às suas teses. Com um primeiro-ministro militar obsessivo, embora com uma formação ideológica questionável, foi fácil ao PCP conseguir que o sectarismo lhe desse alguma voz nos quadros superiores além do enquadramento dos seus sectores de milicianos.
O PCP assumiu como sua uma dupla legitimidade democrática e revolucionária. Por um lado participava na criação da constituição necessária para o País, por outro lado utilizava os poderes de facto para actuar na destruição da estrutura da economia e da sociedade. O PS possuidor de uma vasta legitimidade democrática tudo fez para levar a bom termo a democratização no sentido europeu mais consensual.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana