17 junho 2008

As razões do nosso esquerdismo (12)

No período entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975 pode-se dizer que as coisas aconteciam, as mudanças operavam-se com muito empenho verbal e pouco empenho operacional. A esquerda limitava-se a umas labaredas ameaçadoras e esperava que a direita cometesse erros, fizesse alguma asneira, para avançar.
Este processo que ainda hoje a extrema-esquerda usa nunca vai além da verborreia, não exige organização, não envolve meios, nem riscos. A facilidade com que todos os ditos processos revolucionários se desenvolveram no pós 25 de Abril leva muitos hoje a tentar recriar ambientes do mesmo fervor em que praticamente só o insulto e a má criação ficam como marca distintiva.
O risco é tão só uma identificação policial, nem chega à velha bofetada ou ao mais antigo duelo de defesa da honra. Hoje a extrema-esquerda é baixa, “filha” daqueles que no pós 25 de Abril corriam atrás de um escudo militar sem honra, nem glória.
Momentos decisivos no PREC foram criados pela direita estupefacta e quando a esquerda democrática resolveu intervir de forma mais autónoma e deliberada, os seus “pais” correram sempre atrás do prejuízo.
Só uma vez Álvaro Cunhal terá sido colocado entre a espada e a parede, isto é, obrigado a assumir as responsabilidades, a tomar um posição inequívoca, a submeter-se a uma decisão em que já não era ele que configurava os contornos e escolhia as implicações e o momento. Foi a 25 de Novembro de 1975 e aí perdeu.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana