07 fevereiro 2010

A política do espreita e do escuta

As escutas, processo desde que há comunicações usado para fazer espionagem e perseguição política, aparecem ciclicamente nos jornais e telejornais de modo intencional para produzir efeitos na acção política. Mas agora aceita-se qualquer escuta, seja no restaurante mais luxuoso de Lisboa ou numa tasca transmontana. Ou, pelo contrário, recuperou-se um processo muito em voga no tempo de Salazar. Nessa altura ninguém podia estar descansado em lado algum porque havia o temor de estar um bufo à escuta. Hoje os bufos esmeram-se neste tipo de espionagem.
Porém o que mais espanta nesta devassa da vida privada das pessoas é a selectividade com que as escutas são reveladas, a escolha dos tempos, dos temas, das personagens. Depois é a escolha das pessoas a quem é dado conhecimento prévio das escutas, para que essas pessoas vão preparando o terreno para a revelação pública. Pelo que se sabe agora M.F. Leite saberia do teor das escutas praticamente desde que elas foram feitas.
A pressão a que tem estado sujeito José Sócrates por todos os motivos, uns normais, outros claramente fabricados, outros ainda manipulados tem levado a que ele, em conversas privadas, expresse estados de alma que não sendo aceitáveis como actos políticos são perfeitamente compreensíveis que se expressem quando uma pessoa encontra amigos com quem tenha relações mais estreitas.
Os políticos da oposição todos se armam em seres perfeitamente racionais, assépticos, como se não fizessem mal a uma mosca. Na realidade são perversos, inamistosos, convencidos, agressivos. As relações de M.F. Leite com a imprensa revelam um carácter exacerbado, intempestivo, acrimonioso. Porém a imprensa não releva quem tem com ela uma relação franca e de respeito mútuo. A imprensa tem-se deixado arrastar pelo espectáculo e pela conflitualidade.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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