05 fevereiro 2010

Os pequenos monopólios caseiros são nossos inimigos

Noutros países é comum ouvirem-se apelos constantes ao consumo de produtos nacionais. Cá só esporadicamente tais apelos se ouvem. E pelo que se vê caem em saco roto. As pessoas poderão dizer que os produtos chineses são mais baratos, que mesmo marcas com reputação firmada produzem na China os seus produtos, às vezes dá trabalho saber com precisão quem produziu, mas acaba-se por descobrir que vem do Extremo Oriente, há mesmo quem não cumpra todas as regras de identificação dos produtos.
Além daqueles que se instalam na China de armas e bagagens, há sempre alguém disposto a mandar fazer lá aquilo que cá se faria por mais uns tostões. Porém quem faz mais dano à nossa economia são os grandes armazenistas e as grandes superfícies comerciais. Estes estão pura e simplesmente marimbando-se para a nossa economia, só vêm a margem comercial e a comparação com a concorrência.
O problema do leite é o resultado da ganância das grandes superfícies. O optimização das condições de produção já tinha levado o País a concentrar toda a produção em grandes unidades, localizadas preferencialmente no litoral norte do país, destruindo de vez toda a agricultura de subsistência a que a lavoura estava habituada. Os grandes monopólios da distribuição não se importaram de comprar os excedentes doutros países a preços de saldo para usufruírem assim de lucros extraordinários.
É difícil pedir sacrifícios à população quando o sector intermediário, incluindo o sector financeiro, preocupado apenas com os seus lucros, recorre a todos os mercados para obter ao mais baixo preço todos os produtos, inclusive aqueles que concorrem com produtos dos sectores mais vulneráveis da economia nacional.
Pode haver um benefício para a população que compra agora um produto mais barato, mas será temporário pois não há qualquer garantia que esse preço se mantenha no futuro. Depois corre-se o risco de destruir de modo irreversível um sector produtivo inteiro, incapaz de temporariamente concorrer com produtos estrangeiros em saldo, mesmo que a prazo seja viável e competitivo. De qualquer modo é vital para a economia nacional manter este e outros sectores produtivos.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana