19 fevereiro 2010

Como resolver o conflito entre a liberdade de imprensa e de expressão?

As reuniões da Comissão de Ética da Assembleia da República têm mostrado à evidência que os objectivos com que foi convocada vão sair gorados. Os comentadores mais atentos e interessados já se sentem mesmo incomodados perante um espectáculo que está longe de proporcionar aquele eco que correspondesse ao alarido que os partidos da oposição fazem à volta de não factos, de não problemas.
Ainda ninguém manifestou qualquer falta de liberdade no domínio da expressão do pensamento de cada um. Como não está em causa a liberdade de imprensa parece não haver assunto. Se há liberdade de imprensa ninguém é obrigado a pagar ao Mário Crespo para que ele ocupe um espaço bem caro do Jornal de Notícias para dizer as baboseiras que lhe vêm à cabeça.
Também ninguém pode ser impedido de ter proprietário de um órgão de informação. No entanto as incursões de pessoas de outros Países no panorama da imprensa nacional têm dado mal resultado. Que outros interesses, além do lucro, essa gente terá? Os espanhóis da TVI, perante o problema dos resultados a nível do universo das suas empresas, pensaram logo em descartar-se desta. Tal levou a uma luta feroz pelo seu controle.
Alguns dos primeiros accionistas do Jornal Sol quiseram vender as suas participações. Estes angolanos que as compraram serão testas de ferro, aventureiros, agitadores? Pelos vistos ninguém sabe. Não, de certeza que alguém sabe. Pelo menos para já a jornalista mais em voga daquele semanário sabe que tem mão livre para escrever o que lhe parecer o mais adequado à sua mente maquiavélica. Sabe que os proprietários não serão obstáculo.
Já tínhamos dificuldade em saber das intenções de nacionais que conhecemos há muito. De angolanos sem qualquer ligação com a nossa sociedade será muito mais difícil ainda virmos a saber das suas intenções. Teremos de esperar algum tempo, mas decerto que se vai descobrir quais os intuitos destes senhores. Pelo menos um dia chegará em que eles descobrirão que estes casos bombásticos não garantirão a sobrevivência do Jornal.
Garantir a liberdade de imprensa não é tarefa fácil e isso dá origem à libertinagem quando por esse via se quer também assegurar a liberdade de expressão. Haverá sempre uma contradição entre as duas liberdades. João Jardim disse que financia o Jornal da Madeira para assegurar a liberdade de expressão. Querem melhor contradição.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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