22 fevereiro 2010

A Comunidade nunca cederá perante uma má gestão das contas públicas

Os deficits do Estado e da economia nacional são dois problemas complexos, distintos, mas vulgarmente confundidos. Um será de resolução mais premente do que outro, se é que o problema da economia terá alguma vez solução. O Estado, esse não pode estar em dívida crescente eternamente, tem que viver com os meios que é capaz de angariar para garantir o seu funcionamento.
Os políticos falam conforme os seus interesses particulares, os economistas nem sempre são conhecedores ou honestos nas suas análises. Enfim parece que se impôs finalmente a ideia de que o dinheiro tem um custo e que nem o Estado é capaz de dar garantias suficientes para estabelecer uma relação uniforme e igual à dos outros países com ele.
É normal aceitar um certo endividamento do Estado para financiar a economia. Só pedindo dinheiro se pode antecipar certos benefícios, mas a vantagem assim obtida tem de garantir o pagamento dos empréstimos e dos juros em que se incorre. Empréstimos para suportar custos correntes serão mais difíceis de pagar no futuro. Porém há uma condição que agrava substancialmente o problema, se acaso lhe não dá um cariz nitidamente de natureza diferente. É a natureza do credor.
Há Estados que têm grandes dívidas mas elas são preferencialmente em relação aos seus próprios cidadãos. É um adiantamento que estes fazem em relação ao seu próprio País, mas que este tem muitas melhores condições para gerir. Se a dívida é em relação ao estrangeiro e ainda em moeda estrangeiro altera de modo às vezes absoluto certas condições. O que nos levou a subestimar este facto é que a nossa divida é na nossa moeda e não repararmos que efectivamente ela não é nossa, nada tem a ver com a nossa economia, é-nos emprestada também.
Nada custaria à Comunidade Europeia pôr à disposição da Grécia um valor que a salvasse do problema financeiro que tem. Haveria pessoas que achavam isso possível por um princípio de solidariedade e até por um principio de unicidade do Estado que para todos os efeitos a Comunidade é, tendo poderes de soberania. O problema é que isso seria um precedente insuportável que não permitiria exigir a outros no futuro a defesa de umas contas públicas saudáveis. Temos de contar com nós próprios e se algumas ajudas são razoáveis não é por elas que resolveremos os nossos problemas.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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