26 outubro 2007

É perigoso deixar de “andar por aí”?

“Andar por aí” é uma actividade assaz louvável, não molesta ninguém, não estorva os outros, não causa distúrbios. O única senão será o quanto custa ao erário público, mas, havendo outro dinheiro tão mal gasto como este, não custa muito aceitar que alguns de "nós" andemos por aí.
O problema é que quem não está habituado, quem gosta de actividade e, acima de tudo de tomar decisões, não suporta esta apatia durante muito tempo, entedia-se e vá de aproveitar a primeira ocasião para dizer quanto está vivo e pronto a enfrentar as piores tempestades.
Ao assumir tão entusiasticamente o lugar de Chefe da sua bancada, Santana Lopes tomou a decisão primeira de varejar dos poleiros comissionais três colegas de partido. Farto também ele próprio de ser corrido, eles não deviam levar-lhe a mal esta desfeita da sua parte. Até porque a sua reentrada, na ribalta ou no lodaçal, conforme a opinião, não podia passar despercebida.
Os parlamentares do P.S.D. deviam aceitar a dispensa do seu próprio contributo extra e simplesmente deixar-se “andar por aí”. Uns virão e outros ir-se-ão embora, para perto é certo, é a vida. Uns têm bom perder e aceitam uma tarimba, outros abespinham-se facilmente, mas, para quem está de fora, o espectáculo é deprimente e sem vergonha. É o lodaçal.
Os políticos são muitas vezes acusados de indecisão, mas, quando decidem, invariavelmente os acusam de o fazerem mal. Os políticos são muitas vezes acusados de ocuparem permanentemente o palco e quando alguém decide fazer alguma renovação é logo acusado de ingrato pelos tais “velhos” que não o querem deixar. Afinal como o Santana estava tão bem quando só “andava por aí”.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana