06 julho 2008

As razões do nosso esquerdismo (31)

Com o 25 de Abril e durante 19 meses a política crua e dura, isto é, a luta pelo poder, tomou conta do dia a dia, do noite e do dia, de todo o tempo que houvesse. Não se discutiam índices económicos, o presente era visto tão só como aquele momento transitório, umas vezes alegre outras vezes incómodo, que nos não permitia ver com discernimento o futuro.
O que se discutia na praça pública por quem quisesse participar não era muito diferente do que discutia nas sedes partidárias, nos quartéis, nas escolas. Os candidatos a políticos tinham que se apresentar aí para serem capazes de aspirar ter um futuro. Estava-se ainda numa fase pré-profissionalização. O PC estava melhor colocado para receber os estagiários.
A natureza dos factos discutidos não interessava. Falar de qualquer assunto estava ao dispor de qualquer um e de todos precisamente porque só se analisava o seu contributo para a luta pelo poder. Perdiam-se e ganhavam-se pontos, perdiam-se e ganhavam-se posições, tudo era visto com um certo desportivismo, iam-se vivendo com parcimónia alguns momentos de glória.
À medida que os momentos decisivos, aqueles que contribuem para a inclinação da balança ou a fazem tender para um dos lados, foram crescendo em número, em que a dinâmica se foi acentuando, vai-se então tornando mais necessário um momento de verdade em que se defina claramente as opções de fundo que é necessário tomar.
Os conhecimentos tidos eram o resultado de algumas leituras anteriores ao 25 de Abril e os adquiridos eram o resultado de uma discussão que não saia de algumas generalidades aceites como teoria e de uma intoxicação promovida por quem já tinha ou foi tomando posse dos órgãos de comunicação social.
Os mais precavidos foram organizando as suas forças, enquanto tudo faziam para dificultar que outros o fizessem também. A estratégia adoptada viria a ter repercussões na futura estruturação das várias forças políticas.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana