Um dos motivos invocados para justificar o 25 de Abril de 1974 prende-se com o desgaste e esgotamento das forças militares portugueses provocado por sucessivas comissões nas colónias. Tal não era tido por derrota, mas como uma inferioridade resultante da incapacidade física.
Como motivo, seria fútil para um militar, mas, acima de tudo, é um erro de análise a que se chega pela ignorância e provocado por quem tem interesses nisso. É mais fácil, sinal de menor cobardia, dizer-se que se é vencido pelo cansaço do que pelos inimigos, mesmo que estes só se identifiquem vagamente pelos ventos da história.
Os militares portugueses mudaram a atitude por motivos psicológicos e não físicos. É que a motivação para fazer a guerra assentava em argumentos tão frágeis que ao menor abalo baquearam. Bastou a crise petrolífera de 1973, as ameaças de boicote dos países árabes, a retirada do apoio religioso do Vaticano, uma posição mais flexível dos americanos, tudo acrescido à maior pressão nas zonas mais vulneráveis, para que o exército português hasteasse a bandeira branca da rendição.
O exército português estava fisicamente fresco, militarmente no geral seguro, faltou-lhe o domínio da previsibilidade. Após 1973 tudo passou a ser incerto, quaisquer cenários que se arquitectassem eram falíveis. O exército português não estava habituado à incerteza, tinha os pés bem assentes no chão e o olhar virado para perto, era cínico, manhoso, calculista.
No exército português havia muita gente que pensava ser ainda possível ser herói pelos dois lados da barricada. E alguns tiveram a veleidade de o querer ser, como se fosse possível sê-lo sem se ser traidor por um dos lados. Mas o outro lado da barricada estava ali tão perto, era uma tentação.
Como motivo, seria fútil para um militar, mas, acima de tudo, é um erro de análise a que se chega pela ignorância e provocado por quem tem interesses nisso. É mais fácil, sinal de menor cobardia, dizer-se que se é vencido pelo cansaço do que pelos inimigos, mesmo que estes só se identifiquem vagamente pelos ventos da história.
Os militares portugueses mudaram a atitude por motivos psicológicos e não físicos. É que a motivação para fazer a guerra assentava em argumentos tão frágeis que ao menor abalo baquearam. Bastou a crise petrolífera de 1973, as ameaças de boicote dos países árabes, a retirada do apoio religioso do Vaticano, uma posição mais flexível dos americanos, tudo acrescido à maior pressão nas zonas mais vulneráveis, para que o exército português hasteasse a bandeira branca da rendição.
O exército português estava fisicamente fresco, militarmente no geral seguro, faltou-lhe o domínio da previsibilidade. Após 1973 tudo passou a ser incerto, quaisquer cenários que se arquitectassem eram falíveis. O exército português não estava habituado à incerteza, tinha os pés bem assentes no chão e o olhar virado para perto, era cínico, manhoso, calculista.
No exército português havia muita gente que pensava ser ainda possível ser herói pelos dois lados da barricada. E alguns tiveram a veleidade de o querer ser, como se fosse possível sê-lo sem se ser traidor por um dos lados. Mas o outro lado da barricada estava ali tão perto, era uma tentação.
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