24 dezembro 2009

O descrédito das escolhas via Internet e voto telefónico

Com o fim de pretensamente dar democraticidade ou tão só publicidade e obter dividendos nos processos de votação com os mais diversos fins, está na moda o voto via Internet e via chamada telefónica. Estes processos padecem de vários vícios e não dão uma imagem correcta da opinião pública, nem correspondem à melhor avaliação técnica.
Recentemente foi atribuído a Cristiano Ronaldo um prémio pelo melhor golo de 2009, numa escolha via Internet de entre dez golos previamente seleccionados por especialistas. A surpresa de Cristiano e da plateia que assistiu ao anúncio do prémio são reveladores de uma escolha injusta, só justificada pelo mediatismo do jogador.
Também o jovem cantor Vasco Araújo de Ponte de Lima, depois de uma entrada titubeante num concurso de canto, tendo mesmo sido repescado pelo Júri que lhe atribuiu alguma qualidade, teve a partir daí um percurso imparável, que surpreendeu o próprio. O concurso ainda está em curso e vota-se via Internet e pelo telefone, o que fica bem mais caro.
No entanto o voto via Internet só implica o dispêndio de tempo e paciência. Em Ponte de Lima lançou-se uma campanha promotora do voto que tem conseguido os seus objectivos dando ao Vasco dois primeiros lugares e um segundo na última votação a que se procedeu. Este bairrismo, tido por uns como salutar, é tido por outros como fonte de uma enorme injustiça que, ainda por cima atinge crianças em plena fase de crescimento.
O mais grave porém é que se recorre a estratagemas de toda a espécie. Um deles é protagonizado por uma professora de Inglês que deu aos seus alunos como trabalho de casa que se dedicassem a votar no Vasco. Tal é absurdo por induzir os alunos a entrar num processo claramente enviesado e porque dá uma imagem da pouca vergonha e irresponsabilidade que campeia nas nossas escolas, com professores dedicados a tarefas tão pouco lectivas.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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