29 dezembro 2009

Mário Crespo quer fugir à dicotomia e derrubar os dois

Mário Crespo está mergulhado de alma e coração no combate político. Em vez de entrevistador estaria melhor do lado dos comentaristas da Sic-Notícias. É senhor de uma estratégia e de um calendário preciso para deitar abaixo os políticos que, segundo ele, estarão a desempenhar mal o seu papel. Primeiro quer derrotar Sócrates, depois seguir-se-ia Cavaco Silva, claro se, a ser bem sucedido, entretanto não mudar de estratégia.
Segundo ele haveria pessoal político sem as ligações comprometedoras que estes dois políticos possuirão. É uma maneira de analisar o mérito de uma pessoa, ninguém duvidará que a escolha dos amigos é um indicador ou um indício de certas características pessoais. Ninguém porém conseguirá provar que é essa face má que vislumbramos em todos os nossos amigos. Nem está provado que alguém sem amigos seja uma pessoa indicada para político.
Afastar Sócrates e depois Cavaco era a estratégia de Manuel Alegre. Tentou derrotar um e outro isoladamente e não o conseguiu. Voltou a Sócrates, mas cedo se convenceu que derrotará mais facilmente Cavaco com o seu apoio. Porém outros, como Mário Crespo, mantêm a mesma estratégia, agora que Cavaco já é para eles um empecilho, difícil de explicar.
Cavaco Silva tomou atitudes patéticas, daquelas que não parecem razoáveis a ninguém. Se o imbróglio á volta do estatuto dos Açores passou despercebido ou não foi devidamente interpretado, já a questão das escutas ultrapassou tudo de razoável que era de esperar de um Chefe de Estado. Cavaco Silva nunca teve uma boa relação com o povo, disfarçou enquanto primeiro-ministro e tinha dinheiro a distribuir.
Dir-se-ia que de Cavaco Silva na Presidência da Republica se esperava uma postura altiva, superior, com intervenções ponderadas, moderadas, conciliadoras. Não foi capaz desse papel. O distanciamento não implica a colocação de governo e oposição em pratos da balança à mesma altura, mas Cavaco Silva deixou-se arrastar pelo canto de sereia de uma oposição festiva e irresponsável. O populismo fica-lhe mal.
Agora que Cavaco é a oposição a Sócrates a direita apercebe-se que não seria esse o melhor caminho, porque tem de encontrar outro líder. Daí que lhe agradasse poder indicar um novo Presidente depois de afastar Sócrates. Colar Manuel Alegre à extrema-esquerda tornaria as coisa mais fáceis.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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