31 agosto 2009

Estamos claramente no ante 25 de Abril

A adesão de André Rocha, arquitectura e ponte de lima, a uma comissão de apoio à candidatura de Vítor Mendes à Câmara Municipal de Ponte de Lima, a designação da comissão é irrelevante, levanta, quer o próprio queira quer não, um série de questões, interrogações, perplexidades em todos que o conhecem seja da blogosfera ou não.
Surpreendente e controversa é essa adesão se não aceitamos a teoria/desculpa de uma seu colega de Coimbra que ao dizer “Infelizmente é assim que funciona o nosso Portugal profundo, é difícil ser completamente livre.” Atribui estas contradições ao Portugal profundo, esta nova e sofisticada maneira de designar os analfabetos, parolos, atrasados, subservientes que éramos dantes, e pelos vistos ainda somos.
É surpreendente mas nem tanto já que o convite para que o nosso valoroso arquitecto concebesse o cartaz das Feiras Novas 2009 se pode ver como inserido numa estratégia de calar as vozes discordantes. A táctica do “mão com mel numa mão e cassete noutra” é velha e está para durar. E se nisto nenhum partido está isento de culpas, estes senhores no poder há vinte anos em Ponte de Lima são mestres e exímios executantes.
André Rocha dá no final da sua assumpção de culpas publicado no seu blog uma explicação cabal da sua atitude manifestando o “desejo de contribuir para um concelho melhor, mesmo que, para ter alguma voz, tenha de assumir a integração num determinado grupo.”. Se André Rocha puder utilizar a velha rede em que agora está integrado para que pessoas com uma visão idêntica à sua possam ter uma influência decisiva, à falta de um outro poleiro em qualquer partido da oposição, serei o primeiro a louvá-lo por ter tido a coragem de se meter no meio das feras.
O seu colega diz “Poucos arquitectos correm esse risco devido às retaliações profissionais já que esta profissão lida inevitavelmente com o poder camarário. Felicito o autor do blog por estar a colocar as "mãos no fogo" por uma classe de arquitectos na qual eu me incluo. Por isso não estranho o caminho que o André escolheu entre ser um possível eterno arquitecto-teórico e opositor do regime com as suas consequências repressivas ou um arquitecto que pretende fazer obra pela sua terra.” Está tudo dito.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana