21 outubro 2008

Momentos da Crise (9)

As religiões, mais umas do que outras, valorizavam o ser homem, dependendo tal do conceito em que é tido e denegaram nitidamente quem se não enquadrasse nesta visão. Marx atribuiu o supremo valor ao tempo do homem, medida de todas as outras valorizações que, a não ser a económica, não especificou e que deixou ao senso comum atribuir-lhe.
O liberalismo económico atribuiu o supremo valor ao QI, também aceite como a medida pela qual devem ser vistos todos os outros atributos e qualificações. Basicamente são três maneiras diferentes de ver, mas cada uma tem ainda várias interpretações, várias formas de enquadrar e dinamizar a realidade.
Estas três atitudes, quando adquiriram supremacia quase absoluta, levaram até extremos insustentáveis. Quem não contribuir com religiosidade, com disponibilidade ou com QI está para todos os efeitos tramado. Então pensou-se que se poderia construir um mundo estável assente nestas três forças que se aplicariam sob a batuta do liberalismo económico.
O liberalismo económico, como pretenso sobrevivente de todos os outros ascendentes, não desdenha a religião que propõe a resignação, nem o marxismo que propõe a valorização dos operários pelo seu tempo de trabalho. Mas realça a sua própria teoria defendendo serem os cérebros iluminados por ela que são capazes de gerir os destinos do mundo.
Gestores de fortunas, das expectativas, das incertezas do futuro, não só canalizam o investimento e definem as prioridades, como antecipam o futuro, antecipam as suas dúvidas e imprecisões. Na realidade atiram com o futuro para cima de nós.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana