18 outubro 2008

Momentos da Crise (6)

Já não será possível submeter o sector financeiro a velhos espartilhos. Como seria pô-lo a trabalhar somente com os velhos produtos que constituíam o seu negócio inicial? Depósitos à ordem, a prazo, empréstimos e participações. Tudo muito claro e preciso. Talvez um produto mais ou menos estruturado, mas com contornos precisos.
E três ou quatro bancos não chegariam para haver a necessária concorrência? Assim se evitaria também o imenso desperdício que hoje se vê na banca. Como é possível que numa pequena Vila, onde toda a gente diz viver em crise, haja mais de cem funcionários bancários?
Esta crise promoveu a dessacralização do sector financeiro, a colocação sob suspeita dos seus dirigentes. Todos sabemos que o dinheiro afecta o carácter das pessoas e estes senhores que vivem nele embrenhados, que não lhe perdem o cheiro, são contaminados pelo seu efeito de corrupção dos espíritos. Ninguém escapa ao seu charme.
Talvez sejam produtos que tinham preparado antes da crise, mas espanta que a publicidade ainda nos traga o mesmo tipo de produtos, o mesmo género de embustes que estão a constituir o desespero de milhões de accionistas que acreditaram na existência de uma base real sólida para eles. Mas para quê se agora só um louco lhes pegaria num fundo que não o têm.
Uma mudança de regras impõe-se, mas são as pessoas que se têm que esclarecer melhor sobre aquilo que lhes querem impingir. Se nos não convencermos que a ganância está por todo o lado não encontraremos solução para este desregramento. Deixar-nos-emos iludir por quem passa a vida a pensar em maneiras de obter lucro com o nosso dinheiro.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana