14 outubro 2008

Momentos da Crise (2)

Não estamos condenados a carregar a cruz eterna. Não nos cabe deitar as culpas todas para os outros, mas também não as temos de segurar todas para nós. Navegamos no mar alto, já há muito levantamos âncora e nos fizemos à tormenta e à bonança.
Matamos os poderosos para lhes ficar com as riquezas, quando eles nem para escravos nos serviam. Mas não podemos pagar por isto toda a vida. O tempo é implacável para o bem e para o mal. O passado esquece-se, o destino ainda está por descobrir, valha-nos isto.
Que bom é podermos usufruir desta dúvida, ter esta esperança. Mas convém que a metodizemos, não pode ser assim tão vaga que não lhe reconheçamos um fio condutor que nos leva lá, à terra de todas as promessas, ao mundo que se descortina em todos os sonhos.
Deixemos para o passado aquilo que nunca nos foi explicado, mas que sabemos ter sido resolvido à espada e com a força dos canhões e bombardas. No futuro o tempo sobra-nos. Os outros não nos fazem mal, mas também nós não os incomodaremos.
Porém alguma coisa tem que mudar e para isso não nos podemos fiar só no bom senso, porque ele pode chegar tarde. Também já nos não podemos fiar em velhas teorias. Marx sucumbiu perante tanta abundância de tempo. Algum dia virá em que os marxistas já não terão tempo para vender a ninguém, isto é, já ninguém estará disposto a comprá-lo, pagar por ele.
Algum dia os liberais descobrirão que a competição exacerbada pode ser um desperdício de energia à dimensão a que é feita, tal como a cooperação é muitas vezes um desperdício de tempo para esconder muita ineficiência. Mas pode-se aplicar a cooperação e ter em conta a produtividade e aplicar a competição e não ter em conta o desperdício.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana