19 janeiro 2010

Marcelo bem se empenha, mas não é um vencedor

Marcelo ganhou estatuto. Para muitos manifestou mesmo uma real independência ao atacar desabridamente Santana Lopes quando este assumiu a direcção do partido P.S.D. e do seu governo, por Durão Barroso ter ido para Bruxelas. No entanto Marcelo sempre tomou posição, e nem outra coisa seria de esperar, e no caso de Santana Lopes essa posição tem claramente a ver com os seus interesses individuais.
A imagem de Marcelo é a que resulta de uma construção televisiva. Já ninguém lembra as suas tentativas histriónicas de se impor no panorama político. Marcelo conselheiro é a imagem que ele procurou construir e impor mesmo aos seus adversários. E de tal maneira o conseguiu que hoje Marcelo tem um grande grupo de fiéis.
Fiel é aquele que, seja o que for que o mentor espiritual diga, acredita sempre. Na sua incapacidade de seguir criticamente a vida política portuguesa o fiel de Marcelo espera ansiosamente pelas noites de domingos para actualizar o seu cardápio de argumentos que vai utilizar nas suas conversas com os amigos e adversários. Neste sentido Marcelo faz falta, porque a sua ausência corresponderá a uma desorientação total desses seus fiéis.
Mas não se acredite que Marcelo consegue ganhar novos adeptos. O seu universo de fiéis já está preenchido há muito. Muitos políticos, do P.S.D. e não só, acreditarão que será melhor lidar com um rebanho ordeiro do que com uma manada tresmalhada. Porém também há muitos políticos que acham que a sua posição privilegiada é utilizada no reforço da sua posição politica interna e externa sem haver possibilidade de contraditório.
A RTP foi à pressa buscar este mistificador quando ele foi escorraçado da TVI. O seu espaço foi contrabalançado com o espaço entregue a António Vitorino, pessoa muito capaz mas cujo riso cínico revela uma vontade de permanecer na penumbra do P.S. sem se empenhar, sem se comprometer, a não ser contribuir com a feitura de uns programas do partido que ninguém vê e muito menos segue.
Entretanto Vitorino vai acumulando capital económico e político à espera que o P.S. venha a ter os problemas que o P.S.D. hoje tem. Vitorino parece desistir agora, Marcelo não esquece o seu sonho de ser mais do que uma rapaz truculento criado nos meandros do antigo regime, mas que achou vocação para ser democrata tardio. O facto de haver quem o ouça não quer dizer que haja quem nele se reconheça. Bem se empenha, mas não é vencedor.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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