Já que o coito - diz Morgado
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! –
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
Natália Correia - 3 de Abril de 1982
Dez semanas contra o aborto
Um valente coito dado
Pelas duas partes a preceito
Podia dar um arruado
Houvesse uns óvulos a jeito
O útero tem mais juízo
De cada vez a regra é só um
Para a mulher nem é preciso
Que se renda a homem algum
Quando quer só o manda fazer
Pensa consigo longos dias
Dez semanas chegam de emenda?
Pelo desejo de um filho ter
Que um parto lhe traz alegrias
Acaba a aceitar a encomenda
Anónimo -7 de Fevereiro de 2006
*
Ninguém quer que haja abortos. O problema não reside aí, até porque hoje há uma baixa taxa de natalidade e portanto ninguém quer limitar os nascimentos.
O problema é que não se aumenta a natalidade pela via da eventual salvação de alguns embriões que por terem sido gerados inadvertidamente passarão a ser abortados.
Claro que se a lei não for alterada só não serão abortados aqueles cujas portadoras não tenham meios para arriscar e pagar a clandestinidade.
Mas se a lei for alterada, por efeito do período de dez semanas ( mas também em menos de metade em muitos casos) durante o qual se pode ponderar suficientemente a questão, é possível recorrer a aconselhamento e não tomar decisões apressadas.
O Sim permitirá tomar decisões livres e salvar embriões que na escuridão da clandestinidade continuariam a ser destruidos.
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