28 junho 2009

A estranha sedução dessas mulheres

Há políticos que nunca mudam. Não há crise, calamidade, terramoto que os demova de defender sempre as mesmas ideias. Os ditos sociais-democratas portugueses, liberais dos sete costados no que se refere ao domínio da economia, não cedem, mantém viva a sua chama. E não há dúvida que a sua actual líder a conseguiu avivar.
Todos se perfilam quando se trata de atacar o Estado Social e um hipotético Estado Socialista mandam-no para as profundezas do inferno. Podem-se abespinhar uns com os outros devido a diferenças de estilo, dar a aparência de estar envolvidos em lutas fratricidas que, quando toca a reunir, todos alinham seja qual for o seu estado de espírito passageiro.
Mesmo com este Estado Social Mínimo a Manuela não se dá por satisfeita. Há que deitar abaixo. Esta autêntica mão coruja, galinha choca e chocalheira quanto baste, que abriga tudo e todos desde que lhe mostrem respeito e deferência conseguiu reduzir ao silêncio os milhentos granizos que sempre vão aparecendo no seu galinheiro com pretensões a vir a liderá-lo.
Para cúmulo até parece que já conseguiu por debaixo das suas penas, ou saias para o caso, o próprio Cavaco Silva que numa patética arremetida pelas bandas do empresariado resolveu ampliar o rosnar roufenho da sua correligionária caquéctica.
Cavaco Silva vetou uma Lei que podia acabar com o vergonhoso caso da imprensa propagandística da Madeira paga com dinheiro público e preocupa-se com uma hipotética beliscadura ao vergonhoso jornal da sexta-feira na TVI. Ninguém parece resistir à sedução daquelas duas mulheres.

27 junho 2009

A alguém chega mudar de atitude?

Na política fica-se muitas vezes refém do passado. Nem seria necessário cometer erros gritantes, ter confrontos dilacerantes, assumir compromissos que nos prendam. Há distanciamentos que se criam, caminhos que se dispersam, afectos que se perdem, identificações que se revelam artificiais. Às vezes até a simples rotina se torna paralisante. Tornou-se imperiosa “dar um murro na mesa”.
Qualquer gestor pode chegar a um dia em que concluiu que não está no lugar certo, que não era aquilo de que ele gostava. Enfim todos nós gostamos de um dia mudar de vida só que nem a todos isso é facultado. Eu sei que há muitos anos a maioria de nós era lavrador e nas suas expectativas não entrava qualquer mudança de vida, mas essa maioria também já abandonou essa grilheta. Porém outras se vão criando na inevitável repartição do trabalho.
Afinal dentro da espessa classe política profissional que se formou no pós 25 de Abril o tédio é um mal bem menor do que aquele de que sofrem os inadaptados numa sociedade de descarte tão repentino como esta. Contrariamente a esses políticos, um qualquer profissional nem precisa de falhar na sua actividade para ver o seu futuro em risco, quer mude de temperamento, de parceiros ou de ideologia.
Um político, mesmo falhando, atribui as culpas a outros e a circunstâncias adversas e andando um tempo por aí com rendimento garantido sem ser mínimo acaba por só ter que mudar de atitude para que outras portas se lhe abram. A um político exige-se que, de vez em quando, mude de imagem. Aos outros exige-se resignação.

26 junho 2009

Quem o vê e quem o viu

Sinceramente deu-me pena vê-lo a um canto, tristonho, não se lhe vislumbrando na face um sorriso. Se um homem se tem que submeter a isto para tentar arranjar onde ter paparoca perde toda a dignidade.
Alguns pensarão que não é bem assim, que as pessoas amadurecem e alteram os seus comportamentos, perdem espontaneidade, mas não faz mal, ganham em lucidez, estabilizam as suas relações, disciplinam-se.
Claro que estou a falar de Santana Lopes, velha ave altaneira, não habituada a rastejar, a esconder-se, a passar despercebida. Custa ver uma pessoa passar de águia, ou que seja pelo menos milhafre, a um mocho apagado e a escolher as horas para aparecer.
Quem teria sido a pessoa a provocar este milagre de domesticar tão bem quem era tão rebelde e estava tão habituado a andar livremente por aí? Só podia ser a inefável, a espantosa, a fantástica velhinha que dá pelo nome de Ferreira Leite.
Lançou o seu manto de mãe extremosa, preocupada com todos os seus filhos, até com este pródigo que procede muitas vezes à revelia dos códigos familiares e tanto se arroga o título de fiel depositário do seu tetra avô Sá Carneiro com quem terá privado como poucos.
Afinal a grande arma de Ferreira Leite é o seu ar maternal, que tem vindo aí de cima e que, não sendo garantia de nada, nesta sociedade com muito ainda de tradicional tem o seu efeito nas escolhas.
De velha truculenta, de bruxa má, o certo é que os peritos em imagem estão a fazer maravilhas desta mulher. O Sócrates que se cuide. Mas que se não torne em velho rabugento que tem de aturar uma velha rejuvenescida mas que não o faz à procura de sexo de que não precisa porque já teve os filhos que desejava. Aprende com o Santana, mantém a calma, ela cai sozinha.

24 junho 2009

A defesa do nosso futuro não passa pela defesa da nossa diferença

Há anos era comum dizer-se que ser socialista em Ponte de Lima era tão ou mais revolucionário, tão ou mais progressista, tão ou mais idealista do que ser do Bloco de Esquerda em Lisboa. Seria muito mais difícil, muito mais exigente do que ser socialista em Lisboa. É puro engano: Há indivíduos displicentes, irresponsáveis em todo o lado.
A única dificuldade é constituída pelos relacionamentos pessoais porque estes são mais difíceis de gerir à medida que nos distanciamos de Lisboa. Prezam-se mais, tem-se mais receio em ferir susceptibilidades, medem-se melhor as consequências de uma actividade política visível e constante. Mas é um campo privilegiado para oportunismos de todo o cariz.
Ponte de Lima era além disso considerado o concelho mais retrógrado do País em face de uma avaliação independente do seu potencial. Não fujo à regra e já tive essa percepção, que sempre combati, mas que periodicamente me faz desalentar. No entanto não vale a pena estar a ir por essa via.
Não seria o primeiro que em Portugal alimentou sentimentos destes, vencidos da vida há um pouco por todo o lado. Mas esta atitude ainda não será a pior. Bem mais negativo é procurar na desgraça motivo de satisfação que compense. Isto é, deixar que o nosso espírito se espraia e se sacie com paisagem, jardins e desfiles de gente peregrina, sarrabulho e outras enormidades de que se fazem bandeiras.
Combater esta realidade é em primeiro lugar combater o sentimento de saciedade que ele cria em tanta gente. Combater esta realidade pode ser induzir expectativas que ela não comporta, medir o nosso tempo por parâmetros que não são os nossos, mas também convencermo-nos que os benefícios que usufruímos não compensam os malefícios que temos sempre que suportar.
Ponte de Lima não é um lugar de fuga, nele temos de encontrar um caminho que nos leva ao progresso e à integração num mundo competitivo. Colocar a população a pronunciar-se sobre o que quer que se faça neste espaço amplo e mais livre para que não se perca mais tempo do tempo que os outros sabem aproveitar e nós menosprezamos é um imperativo imediato sem medo de se estar muito ou pouco à esquerda.
Em Ponte de Lima não devemos dar nem mais nem menos importância ao nosso posicionamento político pessoal, não devemos dar voz ao azar nacional, não devemos sobrevalorizar as qualidades demasiado perecíveis daquilo que temos, não devemos induzir expectativas iguais para quem mede o tempo de forma diferente. Seria ilusório dizer que a defesa do nosso futuro passa pela defesa da nossa diferença.

23 junho 2009

Um espaço em que possa respirar

De uma das pessoas referidas no meu anterior “post” recebi um e-mail de que foi solicitada reserva mas que me impõe alguns esclarecimentos e quiçá a reposição de alguma justiça.
Na minha opinião, e tendo em conta somente a sua eficácia política, a escolha do candidato António Carlos Matos a Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima não é acertada.
Lembremos o aproveitamento vergonhoso que foi feito do passado político de Vital Moreira e a sua postura mais intelectual que política que levou a expressar algumas ideias possivelmente acertadas, mas visivelmente despropositadas no difícil contexto em que se encontra a luta política.
A tentativa de Vital Moreira em conciliar a elevação do debate com a frontalidade que certas questões exigem redundou em ser alvo da mesquinhez que muitos alimentam rasteiramente para atacar os adversários e confundir mesmos os apoiantes destes.
Não ponho em causa a capacidade da pessoa para o cargo, mas permita-se-me que expresse a ideia de que a ânsia de protagonismo, quando é resultado da apetência pessoal pela função que pode estar no horizonte duma candidatura, não é defeito, antes seria uma mais valia que não parece presente em António Carlos.
Essa ânsia sobra decerto nas duas outras pessoas referidas no meu post o que porém neles não encontra suporte a vários níveis necessários para dar crédito à política a construir e para construir um projecto partilhado. O que os move são tão só projectos pessoais que só a largueza do PS comporta e que são alvo da chacota pública, a que chamam inveja.
Numa opinião abrangente encontram-se razões políticas, intelectuais, morais, pessoais que não dizem respeito a todos os intervenientes e que no caso do António Carlos só situo no âmbito das primeiras. Quanto ao mais, e pessoalmente esse mais era o que mais me importava, há pessoas que nunca respirarão o ar que eu respiro porque não tenho a desvergonha delas, embora as mesmas entendam essa falta de vergonha por virtude política.
Na política tem que haver um modo de lidar com as coisas que não passa pelo vale tudo de alguns. E, se o nosso tempo está sempre limitado pelo tempo dos outros, seria dramático se não houvessem outras saídas, se não houvesse um espaço em que se possa respirar.

22 junho 2009

A necessidade de um reposicionamento

Infelizmente a lógica local, os alinhamentos motivados pelos interesses mesquinhos que muitos alimentam, a promiscuidade que se manifesta entre os vários níveis de interesses pessoais das personagens mais determinantes e o desconhecimento de qualquer coisa parecida com vida política da maioria delas, a falta de vergonha daqueles que se travestem de gente interessada no futuro da coisa pública, tudo isto leva a que haja alianças inesperadas e inverosímeis.
Espera-se um realinhamento no campo da direita situacionista, põe-se também a hipótese de haver uma intervenção dos chefes nacionais da direita que leve a uma aliança local, sabe-se que os sociais-democratas receberiam estas migalhas de mão beijada. Uma entrada na área do poder seria para o PSD a oportunidade que há anos almejam e que tem sido sempre adiada.
O que se não entende é o ziguezaguear do PS ao promover uma reviravolta em relação à sua política de quatro anos em Ponte de Lima. Haverá uma tentativa séria de aproveitar uma oportunidade nova ou haverá puro oportunismo de um comunista que ninguém sabia que se tinha (?) regenerado e de um dito socialista que tudo deve ao Partido mas que este tinha marginalizado por não ser portador que qualquer valor político?
Como já foi apelidado de conselheiro por uma ave rastejante da nossa praça, quero dizer que nunca foi filiado do PS, que colaborei honestamente enquanto a isso me comprometi e a mais não sou obrigado, que nunca defendi esta solução anacrónica e não posso ser responsabilizado por ela, que manifesto a mais veemente oposição no que sou acompanhado por muita gente, que não fico preso a esta solução, que não atraiçoei ninguém, antes me sinto de certo modo vilipendiado.
No entanto as minhas contas com o PS estão saldadas. O meu caminho está livre porque não posso ficar dependente de qualquer oportunista sem escrúpulos, nem embarcar com quem se quer suicidar.

08 junho 2009

O voto pela negativa

O esforço conjugado da direita e da estrema esquerda com o apoio dos puristas do socialismo levaram a uma derrota do PS na eleições de 7 de Junho para o PE. A propaganda visou penalizar o PS e nisto todos se acham vencedores. Não que alguém tenha construído algo de palpável, mas tão só que muitos apoiantes do PS se deixaram abater pela campanha que tinha por único objectivo denegrir o papel do PS e de José Sócrates.
Este cenário será decerto alterado pela mobilização daqueles que têm uma visão positiva da política, que esta deve visar a governabilidade do País e não hipotéticos cartões amarelos ou vermelhos. Também a votação em branco é significativa de um voto de quem se não se reconhece na verborreia opositora, mas também não compreende a politica titubeante do PS em relação ao capital rapinante que por aí prolifera.
Sectores corporativos conseguiram fazer ouvir desta forma enviesada a sua voz. Não fora a nossa rejeição dos aventureirismos suicidas e gostaríamos de ver a direita no poder e ver como se comportaria perante a obrigação de satisfazer tantos interesses antagónicos que pelo tempo fora tem dito apoiar. Talvez tivessem o apoio da extrema-esquerda para esse efeito.

01 junho 2009

Como se pode brincar com tantos milhões?

Contra a maioria das opiniões que se têm publicado sobre as declarações de Oliveira e Costa na Comissão Parlamentar para o caso BPN penso que são tudo o que uma inquirição não deve ser: Um espectáculo.
Se os agentes da Judiciária pudessem dispor de um réu que se lhes apresentasse com o à vontade que este manifestava, com todo o tempo do mundo de modo a que ele pudesse discorrer livremente até que a uma certa hora já cansado começasse a revelar coisas que não deveria, decerto que teríamos resultados muito mais aliciantes.
Só porque o objectivo da Comissão é a tentativa de incriminar o Governador do Banco de Portugal é que se percebe aquela galhofeira, aquela partilha de satisfação dos objectivos: Ambos se consideram vitoriosos porque Oliveira e Costa disse o que queria e a Comissão, não ouvindo aquilo que queria, pelo menos aproveitou-se do impacto público daquele discorrência para se vangloriar de ser capaz de vasculhar na imundice do mundo do dinheiro.
Oliveira e Costa ajudou a deitar abaixo um que, não fora a sua pouca-vergonha, já estaria há muito a milhas. Deu outras bicadas bem direccionadas, mas denegrir directamente essas figuras para um preso não é sinal de valentia, mas de cobardia.
Oliveira e Costa teria outras formas muito mais dignas, mais leais de chegar aos mesmos elementos falando directamente dos actos nefastos que esses senhores teriam praticado com a sua conivência. Só assim se perceberia a dimensão desta tragédia e só assim será possível conseguir reaver ao menos parte do imenso bolo roubado. Mas os senhores deputados não estão nisto interessados, só querem a cabeça de um homem: Vítor Constâncio. A estupidez humana deve ter limites.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

Acerca de mim

A minha foto
Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana