08 novembro 2008

Momentos da Crise (28)

Quando a crise se instala num espaço económico em que prevalece a racionalidade financeira são os outros bens que se depreciam de modo a facilitar a sua trocas e a obter mais rentabilidade para o dinheiro. Na verdade o valor relativo desses bens só alterará se os respectivos sectores entrarem simultaneamente em crise. O dinheiro em si não desvalorizará, mas também entra em crise de carência quando se retrai, se entesoura, quando espera pela melhor oportunidade de aplicação.
Porém independentemente da existência de mais ou menos disponibilidades financeiras, se os bens adquirem tendência para diminuir de valor, as pessoas são levadas a esperar que elas ainda se desvalorizem mais para efectuarem a sua compra. Seja com o intuito deliberado de vender dentro de pouco tempo, seja para salvaguardar a possibilidade de o ter que fazer numa emergência, as pessoas preferem neste caso ter dinheiro. Neste caso podem vir a sobejar bens.
Ao contrário, quando os bens têm tendência para aumentar de valor, as pessoas são levadas a comprar antes que elas se valorizem mais, seja com o intuito deliberado de vender, seja para que o dinheiro fique melhor aplicado, as pessoas preferem neste caso ter bens vendáveis. Neste caso podem sobrar disponibilidades face às aplicações previsíveis.
Quando a crise se instala é pois a primeira situação que ocorre. O dinheiro permanece mais imóvel, hesita-se mais no investimento, sacrifica-se mais o lucro à segurança, destorce-se o mercado, valorizando-se mais o menos volátil e não se arrisca no que está mais sujeito a volatilidade. Paradoxalmente o mais perigoso é aquilo que mais se presta para uma conversão rápida.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana