05 novembro 2008

Momentos da Crise (25)

Se nós produzimos milho queremos que alguém no-lo venha comprar. Se nós produzimos tesouras da poda temos que encontrar a quem as vender, de preferência por grosso, porque a retalho dá muito trabalho, a clientela possível está demasiado dispersa. Mas se a nossa produção for pequena e tivermos uma clientela fiel perto da porta talvez não necessitemos de intermediários.
Em tempos emprestava-se muito dinheiro a pessoas conhecidas, a pessoas que tinham bens penhoráveis ou que apresentavam algum fiador com crédito evidente. Emprestava-se em casos de emergência, emprestava-se para que se pudesse realizar algum negócio inadiável, emprestava-se para iniciar alguma actividade independente, emprestava-se para emigrar.
As pessoas que recorriam a empréstimos empenhavam também a sua palavra, sentiam-se na obrigação de cumprir todos os compromissos assumidos, as penhoras e as fianças eram processos raros. Quando algum usurário ficava com propriedades valiosas para pagamento de empréstimos de menor valor também era o seu nome que ficava mal visto.
A Banca nasceu da necessidade de haver uma intermediação entre quem tem dinheiro disponível e quem dele necessita. Assim a Banca tem que garantir proventos a quem empresta e ganhos para se manter a si própria em funcionamento. Quem coloca o dinheiro no Banco é lá que o pode ir buscar, não a casa ou às propriedades daqueles que lhe estão em dívida.
Quem vai à Banca buscar dinheiro sem o lá ter sujeita-se a perder os seus bens, mesmo que chamem de tudo à Banca. Já antigamente, quando as coisas não corriam como o desejado, se ficava sem as terras, sem honra, sem apoios. Mas hoje a Banca tem responsabilidades na economia em geral e nas nossas dificuldades em particular que os antigos usurários não tinham. A função da banca é demasiado importante para que funcione em roda livre.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana