10 junho 2010

A agenda política e o patriotismo de pacotilha

Cavaco Silva aproveitou uma falha de um comissário europeu que desvalorizou as alterações que José Sócrates fez no código do trabalho e no regime de pensões para atacar a intromissão nos nossos assuntos internos. A ignorância de um comissário não pode porém ser aproveitada por Cavaco para se armar em cruzado de uma causa nacionalista há muito perdida.
Só que Cavaco Silva não fez uma defesa das atitudes já tomadas anteriormente e que tornam irrelevantes as opiniões do referido comissário. Limitou-se a fazer-lhe um reparo, não pela substância, mas pelo modo. O dito comissário pretenderia marcar a agenda política nacional, o que em termos substantivos nada quer dizer. A nossa preocupação não deve ser com a agenda mas com a resolução dos problemas. A preocupação com a agenda é de quem está em campanha e quer conduzir as discussões.
Quem tem direito para se intrometer na governação do País é Cavaco Silva que apelidou de insustentável uma situação que já noutras ocasiões tem apelidado de grave mas tão só equiparado à situação de muitos outros países. Os seus apelos à unidade, à defesa da coesão, aos esforços conjugados e à clareza das explicações a dar às pessoas só têm a pretensão de centralizar em si o debate político e dificultar assim o trabalho dos seus oponentes.
De certeza que Cavaco Silva vai ter outras ocasiões para reagir da mesma maneira. Não acredito é que, passado o período eleitoral, ele venha a ter a mesma postura. Agora quer tão só retirar a Manuel Alegre aqueles arroubos patrióticos de que este se socorre, mas de que se vê agora em dificuldade de usar. Cavaco Silva teve sorte com esta ocasião em que um assunto caricato lhe serviu de tema para o seu patriotismo de pacotilha.

Sem comentários:

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

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O mais perfeito retrato da solidão humana