31 julho 2009

Um caso de estudo -O caso do estatuto dos Açores

Dos manuais de uma boa escola de política não poderá faltar este caso como revelador do cinismo nas suas diferentes vertentes.
Cavaco ofende-se com dois artigos e manda para análise do TC alguns outros.
Cavaco manda recado à AR para alterarem os artigos rejeitados por inconstitucionalidade e aqueles que ele próprio fez questão de rejeitar.
Havia eleições nos Açores e ninguém quis dar o braço a torcer: Os partidos, o Governo Açoriano, a Assembleia Regional e a Assembleia da República.
Cavaco promulgou por obrigação legal mas o diploma foi enviado ao TC para análise daqueles dois artigos considerados ofensivos pelo PR. Outra entidade entendeu haver mais artigos discutíveis e requereu também a sua inconstitucionalidade.
O Tribunal Constitucional declarou sem efeito esses 11 artigos.
O cinismo reside em Cavaco que deveria ter pedido deste logo a análise de todo o diploma ou pelo menos de mais aqueles dois artigos. Quis realçar a ofensa para criar um caso político.
O cinismo reside naqueles que omitiram das suas análises aqueles nove artigos que o TC haveria também que considerar sem efeito.
O cinismo reside em todos os partidos que, por motivos eleitorais uns e o PS para não criar um conflito interno, sustentaram um diploma que não resistia à análise mais superficial.
O cinismo reside no Governo Açoriano que quis forçar até ao limite as suas pretensões à soberania absoluta.
O cinismo reside naqueles, o PSD, que alteraram na última votação o seu sentido de voto, porque as eleições açorianas já tinham passado e as tinham perdido.
Será sempre subjectivo atribuir os ganhos desta casmurrice mas Cavaco ansiava por um pretexto para declarar guerra a Sócrates, mesmo que se veja a sua dualidade quando se trata da Madeira ou dos Açores, Sócrates teve medo de César, mesmo que dê uma mau sinal a quem o apoia na guerra santa contra o energúmeno madeirense, César portou-se como um rapaz truculento que no fundo inveja o outro ilhéu, O PSD revelou mais uma vez o seu parasitismo político tentando tirar partido de um episódio de que haveria de se envergonhar. Ganhamos nós um espectáculo degradante, baixo, de um calculismo reles. Que fique para a história para que não se repita.

25 julho 2009

O espírito do lugar

O “espírito do lugar” é uma designação que em termos de arquitectura tem muito significado. Houve quem extrapolasse esse conceito para o domínio da antropologia, da sociologia e das ciências afins. Este conceito tem evidente a propósito e é de grande utilidade para percebermos porque acontecem determinados fenómenos num dado espaço, num lugar específico.
Recentemente alguém http://arquitecturaepontedelima.blogspot.com/ falou do “espírito do lugar” como a manifestação de uma revolta pelas transformações que o espaço físico está a sofrer à revelia de qualquer esforço de enquadramento no espaço herdado.
A força desse “espírito do lugar” está por determinar perante a agressão que indivíduos não imbuídos desse espírito vêem cometendo perante a passividade dos residentes. Haverá ainda algum lugar com espírito? A Vila de Ponte de Lima tem-no imbuído nas suas pedras?
A Além da Ponte funcionou em tempos como despoletadora de um espírito capaz de desbravar novos rumos mas hoje fica na feliz descoberta do poeta Ernesto Costa como o local de vivência de uma velhice profundamente humana. Também a Além da Ponte morreu?
O espírito do lugar tem de se encontrar não só nas pedras mas também nestas. Estes até são as que mais facilmente estão à disposição de todas as aves de arribação que aqui aportam vindas de próximos ou longínquos lugares. Porque querem deixar obra toca a mudar a propósito e a despropósito. O espírito do lugar que se lixe.
Não é só Daniel Campelo que tem outra paixão. Arreda! Arreda! Também muitos de vós do CDS não sois deste lugar, não lhe senteis a alma.

23 julho 2009

Quem sustém este desvario?

Já se vão notando umas vozes consistentes contra o desvario. Destas destaco o André Rocha que no seu Blog http://arquitecturaepontedelima.blogspot.com/ tão bem tem expresso a sua opinião avalizada sobre várias das realizações a que o actual executivo se tem abalançado.
Já expressei a minha ideia geral sobre a violação a que o Centro Histórico tem estado sujeito e em relação a alguns casos em particular. Mas era a voz de um leigo face à ideia de uns leigos que constituem a vereação municipal, de que se destaca o Gaspar Martins com a sua formação de esteta feita no areal que ele tanto ajudou a violentar.
Mas também há dois elementos do executivo com boas noções de como se constroem alojamentos para vacas e cavalos mas que não têm a mínima noção de como deve ser gerido o espaço público. Para compor a floreira temos dois óptimos “relações públicas” mas que preferem os bares como espaço para tal efeito. E temos um vereador que, por mais questões que tivesse levantado, por mais objecções que pusesse, sempre deixou que nas resoluções camarárias o Daniel Campelo invocasse uma unanimidade abusiva.
Aproveito para dizer que sempre apoiei o Jorge Silva, sempre colaborei lealmente com ele, mas é evidente que cada pessoa tem o seu estilo e em política o estilo é por demais importante. Quando se entra num executivo ou se colabora ou se afronta.
Da colaboração com quem é mais forte, mais cínico, mais calculista fica-se sempre a perder. Nem se consegue uma intervenção significativa e passasse por colaboracionista mesmo quando isso é manifestamente falso. Da afronta resulta a clara assumpção de responsabilidades por quem exerce um poder discricionário, arbitrário e mesmo provocador como é apanágio desde executivo.

21 julho 2009

O que fazer por Ponte de Lima

Quando há confusão no ar as forças dominantes costumam tocar a reunir, convocando amigos e inimigos contra um qualquer real ou hipotético inimigo maior que não deixa trabalhar e estraga a imagem que o poder quer ter por via da Terra ou do País.
Quando o CDS tem a maioria absoluta, o que só não ocorreu em Ponte de Lima quando concorreu em coligação com o PSD na AD e no mandato de Francisco Abreu Lima, não ouve ninguém, decide a bel prazer do gosto algo rebuscado dos seus dirigentes, contra a opinião dos seus próprios militantes.
A lógica salazarista das forças vivas ainda se mantém em Ponte de Lima, há grupos sociais que monopolizam as influências sobre o executivo e esquecem as suas próprias divergências. É o tal medo conveniente que leva muitos a calarem-se, mesmo quando são prejudicados. As excepções, como a do Fernando do Girabola, são poucas.
O que está pois errado é em primeiro lugar a forma como no executivo camarário se tomam decisões. É possível fazer política doutra maneira, mesmo havendo que respeitar o princípio de que a última palavra cabe a quem tem a maioria. As reuniões quinzenais do plenário do executivo camarário são um espectáculo degradante, a que só a presença de Daniel Campelo consegue dar alguma dignidade, mesmo que lhe falte transparência e clareza nas decisões.
Depois há a política de fachada, que tudo resume à contagem dos minutos que Ponte de Lima consegue nas televisões nacionais. Na minha perspectiva é legítimo alguém se querer mostrar pela diferença, mas, quando se está muito abaixo da média nacional na maioria dos indicadores de desenvolvimento, a diferença é tão só folclórica. Obra seria conseguirmo-nos diferenciar entre os melhores.
Os acérrimos defensores de Campelo terão que sofrer a humilhação de um dia verem os camartelos a derrubar algumas das suas “obras”, que de palhaçadas estamos nós cheios. Há que higienizar o ambiente e levar o desenvolvimento real à ruralidade.

19 julho 2009

Desfaça-se a confusão!

Anda muita gente a baralhar as minhas reais e supostas ideias. Já escrevi um texto sobre a necessidade de sermos humildes quando queremos ler alguém. Quem não quer ler passa à frente, mas dispensam-se os insultos gratuitos.
Nem quero dizer que é necessário estar abaixo ou acima, muito menos é necessário alguma preparação especial para me lerem. Será preciso uma mente fresca, um coração disponível, uma vontade não agrilhoada, uns sentimentos sem nostalgia, uma visão dirigida ao futuro. Assim já daríamos um jeito. E muita frontalidade, perdoem-me aqueles que acham que faço rodriguinhos a mais.
Em todo o País se nota que a política volve e revolve ao redor sempre das mesmas figuras, falta ar fresco, arejamento. Até Daniel Campelo, mesmo com todos os defeitos que tenha e embora seja seu propósito continuar na política, sentiu essa necessidade de arejamento, de mudar de ares. Não chegou ele dizer “Ponte de Lima nunca mais” que parece que já há quem sinta a nostalgia dele. São as mesmas figuras tristes de sempre.
Daniel Campelo não ensandeceu como tem acontecido a outros políticos, mas deslumbrou-se o suficiente com ele mesmo para preparar a sua saída com tropas romanas, fadistas, lavadeiras, cantores ao desafio, lavradeiras, ranchos, tocatas e bandas de música.
Só não direi que Daniel Campelo sai bem porque já devia ter saído há mais tempo. Aqueles que choram a sua partida não faltará muito tempo encontrarão alguém a quem se devotar com o mesmo empenho e fervor, seja do CDS, seja de quem for.
A política por mim preconizada não passa por pessoas, mas por dois grandes princípios. Um representa o caminho e é a participação. O outro representa o objectivo e é a partilha. Quem se der ao trabalho de me ler descobrirá que para mim é irrelevante que alguém se chame Chico ou se chame Zé.

15 julho 2009

Afinal havia outra

Em recente entrevista, em jeito de despedida de mau gosto, veio declarar que a sua verdadeira paixão é Viana do Castelo, terra onde estudou e muito viveu na sua juventude. Afinal Campelo nasceu no Vale do Neiva, terra de gente que se distingue bem da do Vale do Lima, nem para melhor nem para pior, não vem ao caso, mas que tem mais afinidades com terras de Viana, Barcelos e Vila Verde.
Acho que foi sincero mas fica-lhe mal ter-nos andado a enganar estes anos todos. Mas também acho que Daniel Campelo virá a dizer ainda pior de Ponte de Lima, como se ele não tivesse culpas do nosso atraso, se não tivesse sido camarário este últimos vinte anos e o seu partido não estivesse no poder há trinta e três anos. À moda do outro dirá que “burros vos encontrei, burros vos deixei”.
Ele que também numa entrevista há uns anos ao Porto Canal de TV dizia que após abandonar a Câmara se iria dedicar à pastorícia e à elevação deste povo, só não disse se pela poesia ou qual o método. Acho que Daniel Campelo já é demasiado velho ou excessivamente novo para a poesia, mas de qualquer modo ele terá desistido desses propósitos.
Afinal não tenho motivo para não lhe desejar felicidades, só lhe agradecia que, uma vez eleito para Viana do Castelo, para lá leve a Amália e o Brutus com as suas tropas, deixe ficar alguma ruralidade genuína, mas leve o seu ruralismo, encaminhe para lá as tropas de Gondomar, Paredes, etc., antigamente chamados turistas de garrafão.
…E já agora leve também os seus serventuários que por cá deixou, uns poetas nostálgicos, uns músicos de ouvido, uns periodistas embevecidos, todos os que se deslumbram com o brilho das estrelas e esquecem a sua própria nobreza.

13 julho 2009

As silhuetas coloridas

As próximas eleições autárquicas correm o risco de serem em Ponte de Lima demasiado soft. Quando se está longe do poder há tendência para se ser mais agressivo e quanto se está tantos anos longe do poder mais agressivos deveríamos ser. Uma agressividade boa conselheira precisa-se para varrer o CDS do mapa Limiano.
A não ser que afinal todos nós nos tenhamos sentido próximos do poder estes anos todos e tudo tenha sido feito segundo o interesse geral. Então há que gritar, alertar contra tanto adormecimento, dizer bem alto que os sentimentos de resignação não fazem sentido neste concelho. Não seremos nós capazes de fazer melhor?
Os Limianos têm participado na construção do mundo em todos os continentes e em muitas actividades. Em Ponte de Lima os Limianos resignam-se a ver instalar em pleno areal umas silhuetas de soldados romanos temerosos de atravessar o rio.
Terá o medo tolhido esta gente que só mostra as suas potencialidades fora do torrão natal? Faltar-nos-á dar muitos passos para a modernidade e, a continuar esta apatia, cada vez mais serão necessários. Em Ponte de Lima dão-se passos para a saloiada, para o pitoresco, para a nostalgia de um passado bucólico, esquecendo-se a miséria e submissão de tempos idos.
Em Ponte de Lima falta dar um passo em frente, um primeiro passo que não pode, não há condições para ser demasiado ambicioso, mas que tem que ser na direcção certa. Os protagonistas conhecidos são gente para dar mais passos atrás, incapazes de atravessar o rio, pouco mais que silhuetas em que tudo lhes falta, inclusive pernas para andar.

01 julho 2009

Um apelo descomprometido

Dando por adquirido que Daniel Campelo imprimiu a Ponte de Lima um cariz que a tornou um Cidade deslocada no seu aspecto, despropositada nas seus fins, parasitada na sua economia, pouco virada para o interior que lhe alberga a alma e muito virada para o exterior que lhe conspurca o corpo, que tenta captar franjas e tem que aguentar a lógica das multidões, há necessidade de repensar Ponte de Lima e o seu futuro.
Quando se apresentam eleições a breve trecho, “perdido” o carisma de Daniel Campelo, até nas suas hostes houve desentendimentos sobre quem deveria gerir o seu espólio. Das soluções possíveis a encontrada parece ser a pior mas não podemos estar seguros de que o povo não votará nela.
Situo-me claramente à esquerda e sei que a negação de um voto desta continuidade paralítica que pode estar no horizonte favorecerá preferencialmente o P.S.D., mas não é isso que me faz ficar parado. Impõe-se uma mudança mas no entanto nem a proposta do P.S.D. é fiável nem a mais longínqua do PS parece ter pernas para andar.
Com estes pressupostos faço um apelo às pessoas descomprometidas com qualquer das hipotéticas soluções que se reúnam sem preconceitos, sem condições à partida, de modo a analisar as soluções possíveis, os objectivos que Ponte de Lima deve ter como Cidade e só por fim e eventualmente a tradução política que uma possível convergência de ideias possa ter a tempo de não entregar o nosso futuro a quem não tem sensibilidade, qualidades para rasgar novos rumos, quiçá sequer para a gerir.
As pessoas certas são aquelas que tenham empenho em pôr em prática as ideias que sejam o mais consensual possível, que dialoguem com a sociedade civil, que não é só a da sede do concelho, e claro que representem as forças maioritárias, com exclusão do C.D.S., tão só porque decerto nunca estará interessado numa solução deste género. Mas para já o que seria importante seria avaliar se será possível congregar pessoas capazes de impulsionar uma solução destas.
Um jantar podia ser um bom momento de reflexão. Deixo a proposta no ar internáutico.

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

Acerca de mim

A minha foto
Ponte de Lima, Alto Minho, Portugal
múltiplas intervenções no espaço cívico

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana