31 dezembro 2007

Referendo – A inexcedível superficialidade de alguns

Parece que sete intervenções neste Blog entre 23 de Outubro e 4 de Novembro não foram suficientes para tornar clara a minha posição sobre o Referendo aos tratados europeus. Não quero fazer deste Blog um desfilar de vómitos, não tenho a pretensão de elaborar um tratado que analise a questão até à exaustão, não entro na agenda política de gente desesperada, não respondo a questão insignificantes para mim, mas vou fazer uma excepção para NunoMatos..
Defendo que a questão do referendo nunca se devia ter colocado e quem a colocou deve responder por ela. Não me venha cá dizer que o Sócrates, o P.S.D. e outros vão mudar de opinião. Isso é com eles.
Um referendo tem virtualidades em termos simbólicos, mas tinha que ser feito na altura própria, nos momentos decisivos, quando se tomam atitudes que podem ser irreversíveis. E já lá vão tantos anos. Hoje só seria defensável um referendo radical (31/10/2007).
A tacanhez nacional vinda do passado, e de que o Senhor ainda se não livrou, leva-o a defender um referendo em que se discutiriam uns tostões para cá, uns tostões para lá e se abriria um precedente perigoso, só importante para a esquerda comunista e bloquista sempre prontos a deitar uns grãos de areia para a engrenagem, ou para os preciosistas da direita que querem discutir todas as pequenas percas de soberania, que as grandes já lá vão.
Infelizmente os sociais-democratas só aprendem o que de mal se faz na política em Portugal. No seu afã de fazer oposição servem-se de todas as armas com que os tramam quando estão no poder. Como se pretende moderno, actualizado, gosta de estar presente, convença-se que não o consegue por ser franco-atirador.
Se a luz o não ilumina tanto pior para si. É que a fonte de luz deixou crescer à sua volta muitas teias de aranha. Pode-lhe parecer ser pobre e do passado mas decerto que tem ideias próprias, é perseverante, cansa-se destes rodeios, mas não se vai cansar de lançar luz para o futuro.

30 dezembro 2007

O Oeste Europeu – Um olhar para além do dia a dia

Para quem só vive o dia-a-dia das vantagens/desvantagens, do deve/haver, a Comunidade Europeia é só mais um patamar das preocupações/oportunidades que se nos deparam. O que não são oportunidades, se não são prejuízo, são pelo menos uma preocupação desnecessária. São esses que dizem que estávamos bem sós.
Este discurso simples e redutor é o adoptado pelas forças políticas que não vêm vantagens imediatas em nos chamar a atenção para todo o tipo de responsabilidades que nós temos no mundo. Rendem-se à facilidade que consiste em termos uma ideia generosa sobre nós próprios e em atribuirmos todos os males do mundo a forças que não têm cá raízes, o que é falso.
Sócrates apareceu nesta Presidência da Comunidade aqui e ali, mas para os mais insolentes tudo passa por querer aparecer, por folclore político quando é bem mais do que isso, quando o nosso futuro também se joga aí. Quando Kadaffi exige indemnizações pelo colonialismo não está brincar, nem se dirige só à Itália, também se dirige a nós.
De qualquer modo é problemático estarmos com o passado presente quando ponderamos na nossa perspectiva a conveniência das medidas que são tomadas a nível comunitário. Nem o nosso passado nem o da Comunidade que não conhecemos ou não aceitamos como nosso. Mas ao menos olhemos para o futuro e vejamos quando perigoso é andarmos isolados neste mundo.
Há muitas medidas que podemos entender não serem apropriadas numa perspectiva puramente nacional e de presente, mas sê-lo-ão num perspectiva internacional e de futuro. Um futuro em que já não há paraísos de leste ou até Oestes americanos. O Oeste Europeu agora está aqui. Não é o fim do mundo conhecido, mas é decerto o fim de um projecto único e de paz.

29 dezembro 2007

Intervalo – Um esticar exagerado da corda

Filipe Meneses, mais do que outros políticos de referência na nossa praça, vai tentando dar corpo a uma oposição a toda a largura do campo teórico de batalha e balança continuamente entre uma visão macro, a nível de super-estrutura e uma visão micro, a nível de infra-estrutura que os seus ideólogos não conseguiram tornar coerentes. No mesmo erro não caem outros.
A verdade é que a imprensa aborda as questões sobre os dois prismas, mas político precavido, avisado, como os comunistas e bloquistas, procura suavizar as incoerências em que necessariamente entra se os quiser usar e a todas as armas que eles permitem para desarmar a oposição ou fazer fogo sobre o governo.
Todos os discursos políticos, do governo ou da oposição, enformam do mal de alguma incongruência e, como tal, a imprensa até se não costuma dar ao trabalho de falar delas, a não ser que sejam gritantes ou que esteja em moda bater no ceguinho. Há sempre algum grau de tolerância.
E todos os políticos de hoje se socorrem muito desta inclinação para a moda que é o bater no governo, tratando-o como ceguinho, com o argumento que nada na sua actuação é coerente. Fazem-no desde logo, desde a sua tomada de posse, até antes. Procuram criar um estado de saturação, mantendo sempre a mesma postura, legislatura após legislatura.
Mas desta vez apareceu-lhes José Sócrates criando um estilo novo, uma outra forma de responsabilizar a oposição, um aproveitamento do maneio de ancas que a oposição faz para lhes dar umas vergastadas naquilo que eles, afinal como os outros, também têm atrás das costas. Sócrates criou um sentimento novo que afinal também pode ser moda bater na oposição.
Filipe Meneses põe-se especialmente a jeito, exagerando na tolerância que lhe tem sido dada, esticando a corda para num dia estar a desmantelar o Estado e no outro estar o dar benesses do Orçamento de Estado a propósito de todas as reivindicações que se manifestam. Ao querer usar armamento pesado e metralha ligeira com tanta ligeireza está a criar um balanço tal que se arrisca a cair. Modere-se!

28 dezembro 2007

O Oeste Europeu – O Turismo e o desenvolvimento não sustentado

Portugal, os empresários, o governo, não sabemos bem quem com mais empenho se mostra, têm apostado no turismo com estímulos, empreendimentos, apoios. É um sector altamente produtivo, mas não o é de igual modo para todos. Poderá o País desequilibrar o desenvolvimento e colocar-se em tão grande dependência dum só ramo de negócio?
O turismo, mesmo dado o seu carácter predominantemente sazonal, é muito lucrativo, dado o que está basicamente em jogo: Estadias e serviços de alguma simplicidade. Mas, quanto maior for o sector, mais problemas surgirão se houver uma crise prolongada e mais reflexos terão na restante economia. O turismo não promove qualquer espécie de desenvolvimento sustentado.
Uma vantagem imediata dos empresários é a facilidade de recrutamento de pessoal, mas que constitui um claro prejuízo para os empregados e para o governo. Os empresários não precisam de manter um grande número de trabalhadores efectivos e tem sempre à mão uma grande quantidade de pessoal disponível que se mantém fiel à actividade.
Nos períodos de desemprego a segurança social é que suporta os encargos respectivos e isso passa-se em média durante seis meses no ano. Para além disso a maioria não chega a contribuir com IRS. O subsídio de desemprego não é englobado nos rendimentos e estes assumem assim valores anuais baixos e taxas de IRS reduzidas.
Além do mais, a ver pela reacção da Confederação de Turismo à fixação do salário mínimo, parece que o aumento deste os afectará porque ainda é largamente aplicado no sector. Não é o turismo que nos trará altos salários, a não ser para alguns cargos de gestão. Além disso o turismo será uma das actividades que mais permite a subfacturação e mais sujeita a concorrência.
Uma crise generalizada afectará mais rapidamente e com efeitos mais graves o turismo do que outra actividade. Sendo localizado pode criar o desemprego geral numa dada zona do País. Nunca pode ser a primeira aposta do País.

27 dezembro 2007

O Oeste Europeu – A oportunidade dos ressabiados

O Portugal profundo, que ainda subsiste em quase todos nós, personificado na alma lusitana, faz com que nos sintamos deslocados e atrasados na Europa, sem muitas oportunidades para progredir.
Meticulosamente uma intelectualidade que faz jus ao seu direito à mesquinhez e ao egocentrismo bate num lado e noutro lado, em nós e na Europa, para realçar o que diz ver, sem outras soluções que as que a sua imaginação desligada da realidade vai gerando.
Acarinha-se ou vilipendia-se essa alma ao sabor, já não digo de interesses, mas de visões limitadas e até esquizofrénicas que muita gente transporta, como que se tal fosse a última descoberta da sua mente. Aquilo que aparece da alma lusitana é, para todos os efeitos e para nossa desgraça, aquilo que os intelectuais tecem e dizem e o que eles dizem é pouco.
Há uma grande parte da população que gosta de contribuir com o seu entusiasmo de aparecer, de ser reconhecido com fazendo parte de um todo. Na realidade eles representam a face mais real desse todo, mas que é a mais caricaturada, da maneira mais reles e injusta, como pelo Zé Povinho.
São caricaturas introvertidas que falam de uma realidade passageira mas que alguém pretendeu eternizar. Até através delas não se faz uma actualização, uma modernização, uma adaptação aos novos tempos e a novos relacionamentos. Continuamos fechados, desconfiados num mundo estreito.
A Europa não tem constituído a ambicionada oportunidade para os ressabiados se redimirem, mas antes para se sentirem mais injustiçados, mais vitimados, mas em compensação mais prenhes de satisfação por mais uma justificação para o seu próprio fracasso. A Europa é magnânima.

26 dezembro 2007

O Oeste Europeu – Um ensimesmamento fatalista

Quando seis países se juntaram para formar a Comunidade Europeia partiram duma base sólida, não económica, mas sabiam que tinham potencialidades, que se canalizassem as energias e os conhecimentos que haviam tão mal aplicado na sua destruição mútua para um sentido de colaboração e progresso, construiriam uma fortaleza em que a justiça e os direitos sociais poderiam ter uma outra expressão.
Tinham razões para acreditar, razões que, por esses tempos, os portugueses no geral desconheciam, no seu atavismo ancestral. Noutras gerações anteriores tínhamos sido capazes de alguns rasgos sempre que alguém ia lá fora com olhos para ver e trazia alguma refrescadela ao nosso panorama de ideias, imagens e valores.
Mas quanto a aplicação prática nunca atingimos o ponto crítico porque uma árvore não faz a floresta. Nesta altura, já nos anos cinquenta, quem teve o rasgo foi Humberto Delgado, talvez porque era um homem da aeronáutica militar e civil e estivera na América. O mal foi ter-se agarrado a ramos decrépitos que se partiram facilmente e o deixaram cair desamparado.
O nosso atraso manteve-se, ultrapassou a guerra colonial, as forças económicas menos exigentes criaram algum desenvolvimento, sem necessidade de grandes investimentos no ensino. Veiga Simão tentou em dois regimes diferentes, mas continuamos com aquela falta de potencial em quantidade para fazer coisas grandes.
Periodicamente é isto que acontece: Chama-se a atenção para a nossa falta de formação, tenta-se avançar, mas parece faltar-nos a vontade, tudo são dificuldades, escolhos. Nem as novas oportunidades entusiasmam um povo que parece definitivamente ensimesmado. À espera talvez que o Filipe Meneses seja o salvador.

25 dezembro 2007

Intervalo – A diferença entre o estudo e a esperteza

José Sócrates herdou um processo em andamento, o da Ota. Alcochete nunca se havia colocado como opção porque desempenhava no seio do exército, e não só português, um papel na altura considerado insubstituível. Também neste campo as coisas mudam e a questão está em saber se foi ou não a tempo e quem deveria ter tido conhecimento a tempo dessa mudança.
A horas ou fora de horas, mas na minha opinião de certo que ainda a tempo de, caso a opção seja outra, sarar as feridas que uma mudança de opção acarreta. Neste aspecto não duvidemos que o Oeste vai sair gravemente prejudicado e em Alcochete não há vozes para pôr a questão nestes termos. A economia local não tem para já relevância, nem expectativas.
Mas entregou-se ao L.N.E.C. a feitura de um estudo sobre todos os aspectos importantes para avaliar a questão, na altura resultado de um consenso alargado que até incluiu o P.R.. No entanto há sempre quem tenha segundas intenções, ideias feitas e queira fazer o seu jogo à margem dos acordos estabelecidos. Este caso é todavia peculiar.
Lembram-se daquelas crianças espertinhas que, tendo tomado a opção errada e, vendo o erro porque olharam para o vizinho, logo se aprestam a mudar de opinião e a serem as primeiras a gritar pelo triunfo da opção certa, antes que o vizinho ou o próprio professor a anunciem.
Filipe Meneses já não esperou pelas conclusões do LNEC para botar sentença. Como a criança vai dizer depois: Quem tinha razão era EU! Para receber ainda alguns dividendos se esquecermos a opção inicial de Meneses, diferente da defendida por Marques Mendes. Tem direito a mudar mas não a fazer estes malabarismos de menino que não enjeita alterar as regras, não precisa de estudos sérios, chega-lhe ser o menino esperto.

Intervalo – Dividamos os tachos!

Este Filipão surpreende-nos todos os dias. Se lhe quiséssemos seguir os passos tínhamos sempre para registar umas afirmações caricatas, umas sentenças contraditórias, uns humores antagónicos. No entanto é perder tempo, é como ver o mesmo filme pela vigésima vez.
Filipão acusa o P.S. de interferências na gestão do B.C.P., sabendo nós que os órgãos de regulação e fiscalização tardaram a actuar, agiram fora de tempo. Ao menos parece que intervieram bem, de tal modo que os accionistas terão agradecido por se verem enfim livres de um bando de crápulas que aproveitaram a sua posição para enriquecer indevidamente e mostrar quanta baixeza moral prolifera em organizações como a Opus Dei.
Concordo que o pior que poderia acontecer para o B.C.P. era passar a ser dominado pela Maçonaria, por exemplo. Mas agora os accionistas, e só estes, têm uma ocasião única para porem na administração do seu banco as pessoas mais competentes, mais leais e honestas que encontrem.
Não é correcto, é perfeitamente inadequado falar em equilíbrios políticos quando estão em jogo forças económicas, entre as quais e a política transita inevitavelmente muita gente, mas que quando lá está, e ninguém os pode proibir de lá estar, deve defender os seus interesses e quando na política se deve tornar deles independente.
Querer utilizar a C.G.D. como moeda de troca, exigir a atribuição do seu poder a um homem de mão do P.S.D. é a mais vergonhosa, despudorada maneira de favorecer o bloco central de interesses, é a divisão da gamela pelos mesmos taxistas de sempre. Tenha vergonha!

24 dezembro 2007

Intervalo – Desmantelemos o peso do Estado!... É já!

Desmantelemos o peso do Estado? É já! Por onde vamos começar?
Primeiro é melhor ver que mesmo que transferidos para o sector privado, muitos serviços não podem deixar de ser financiados pelo erário público, pelos nossos impostos existentes ou pelas tarifas, pelas taxas moderadores, chamem-lhe lá como quiserem, que pagamos. Para quem não quer decerto¿ que paguemos mais, a preocupação deveria ser outra.
Para haver um serviço tem que haver pessoal, instalações, equipamentos, organização e quem pague, decerto porque precisa dele. Se as pessoas não precisam, e o Estado também não, extinga-se o serviço, mas era bom não generalizar. No Estado há serviços essenciais e outros que nem tanto, é certo, mas que não podem ser abandonados duma hora para a outra.
Uma forma de entregar a gestão mas não o financiamento é contratualizar serviços que tenham que continuar a existir. Mas o que é que o Estado ganha em troca, a não ser em vez de se responsabilizar pela gestão passar a responsabilizar-se pela regulação e fiscalização?
Se as pessoas não pagarem mais, o Estado pagar menos e os serviços ganharem em qualidade é aceitável ou até recomendável, na perspectiva do Estado, que se mudasse a responsabilidade do serviço. Desde que se encontre uma solução para os empregados, encargo que não é alienável.
Experiências já houveram bastantes, mas nem sempre as conclusões têm sido favoráveis a esta solução. Que um candidato a primeiro diga que tudo fará para que o melhor serviço seja prestado ao menor preço para o Estado e directa ou indirectamente para o contribuinte é de louvar. Mas após estudos e soluções apropriadas.
Arremessar bombas a um edifício que bem, ou menos bem, tem prestado os serviços que, na maior parte dos casos, os privados nunca quiseram ou nunca tiveram condições financeiras para prestar é abominável. Com os privados, liderados por este liberal aventureiro, ávidos por avançar, os seus interesses sobrepõem-se desavergonhadamente à consideração dos interesses da população, dos empregados e do Estado.

23 dezembro 2007

O Oeste Europeu – O nosso lugar é aqui na Europa

Quando seis países se juntaram para formar a Comunidade Europeia pensarem em vir a agregar mercados para agregar países. Por isso o nome primordial da Comunidade Europeia foi de Mercado Comum Europeu, o que estava longe de dar a ideia das intenções que lhe eram subjacentes e só revelavam o primeiro objectivo a atingir.
Diversos pensadores, ideólogos e políticos de todos os países europeus mais envolvidos nos conflitos fratricidas que se desenrolaram no século vinte desenvolveram um plano que partindo da miséria e quase humilhação a que as suas pátrias haviam sido submetidas assentava nos mais sublimes ideais alguma vez postos em prática na Europa, onde a retórica tinha suplantado sempre a eficácia das ideias.
Em Portugal sempre ouve alguns europeístas mas a sua voz estava abafada pela cultura isolacionista promovida por Salazar e a que também não faltava a retórica. Reconhecer-se-á que houve uma fase em que, só pelo facto de se não repetir o desastre da primeira guerra mundial, teve o apoio incondicional do povo. A guerra colonial haveria de reforçar o isolamento e a imigração para França não chegou a contribuir para trazer novas ideias.
Após o 25 de Abril foram as necessidades mais imediatas que mais se fizeram ouvir e que condicionaram a discussão de qualquer posição de fundo. A retórica nunca teve tanta preponderância mas a discussão não saía dos velhos temas do socialismo, do comunismo, de vários tipos de democracias vistos por quem, apressadamente, tinha lido cartilhas até aí estranhas.
Colocada um pouco de água na fervura que uns meses de agitação criaram, sem meios, num processo de reposicionamento no mundo livre, batemos à porta da Europa e tivemos o seu apoio e compreensão. O nosso lugar é na Europa, nesta rocha de princípios cada vez mais firmes, nesta Comunidade que, sendo imperfeita, ambiciona melhorar constantemente.

22 dezembro 2007

O Oeste Europeu – Uns ingratos é o que nós somos

Quando seis países se juntaram para formar a Comunidade Europeia pensarem em vir a agregar à sua volta outros Estados, mesmo que tivessem níveis de desenvolvimento mais fracos. As negociações para a adesão sempre foram um estudo de como se iria processar a integração de um país novo numa orgânica que já tinha uma certa credibilidade e estabilidade.
Cada país tem o seu passado, os seus hábitos e tem dificuldades próprias para se adaptar a novos métodos, alguns dos quais tiveram origem em países de muito diferente tradição. A própria maneira como cada país vê o seu papel em relação à economia é diferente. Mas o intervencionismo é sempre visto como negativo quando não respeita as regras da concorrência.
A nossa herança foi fraca em termos absolutos mas também em questões metodológicas, dada a nossa tradicional desenrascanço, uma fuga desordenada a tudo que é norma e regulamento. E quando enveredamos pela disciplina é com tanto rigor que quase ficamos manietados. Deixamo-nos mover facilmente entre extremos.
Além do mais a nossa escolaridade para pouco nos dava, quase nem para escrever aerogramas às madrinhas de guerra, o nosso know-how era mais do que deficitário, quase nada sabíamos fazer além de sachar a terra e assentar tijolo. Com uma economia tão incipiente e tão fracos índices em todos os domínios pessoais quase é de perguntar: Para que nos quiseram?
No entanto não tivemos que pagar qualquer jóia à entrada na Comunidade. Aceitaram-nos tal qual somos com todos os problemas conjunturais que fomos acumulando. Tínhamos vivido um período de permanente ebulição, de instabilidade, dita revolução em curso, de regresso dos militares, de integração de retornados das ex-colónias.
Passamos de um império anquilosado a uma república incipiente. Por sorte ficamos à mercê destes “hoje” bem intencionados europeus que tiveram pena de nós, nos encheram de oxigénio, e nós, ansiosos no interior, tornamo-nos quase insuportáveis (pelo menos de paleio, mas ninguém nos ouve) no exterior. Ainda nos tornamos, mercê das nossas dificuldades, mais reivindicativos por aquilo que alguma vez merecemos ter.

21 dezembro 2007

O Oeste Europeu – Heróis perdidos e sempre reencontrados

Quando seis países se juntaram para formar a Comunidade Europeia procuraram um caminho diferente de tudo o que havia sido experimentado no passado e não tinha resultado. Por isso assumiram todo esse terrível passado, todas as culpas dos seus aspectos miseráveis e tentaram aproveitar todos os ensinamentos que ele pudesse conter.
Nada podia ser posto de lado, como se tivesse havido fenómenos da responsabilidade de extra-terrestres ou outro género de seres esporádicos que não terão hipóteses de se repetir. Por isso era necessário submeter a aturado estudo esses fenómenos que nos envergonham de modo a ir ao encontro das suas razões mais profundas.
Mas era imprescindível avançar de imediato e por um caminho difícil e com muitos adversários externos, e isso só era possível com os países que mais tinham sofrido, mais sensibilizados estavam para unir esforços, para não hostilizar ninguém, para compreender aqueles que ficaram temporariamente de fora, mas que se tinha por objectivo virem a ingressar nas mesmas fileiras.
Como eles, também nós não podemos pôr de lado o nosso passado, aquilo de tenebroso de que fomos capazes, aquilo de heróico de que nos honramos, aquilo de mesquinho de que ainda padecemos. Não somos marginais a quem foi dada a oportunidade de se redimirem. Tendo sido algumas vezes heróis, perdemo-nos constantemente para nos reencontrarmos mais tarde, mais fracos mas prontos a surpreendermos todos.
Temos de deixar de pensar que teremos sempre sorte, que temos que mudar de rumo e dedicarmo-nos efectivamente a um trabalho duro e persistente para competirmos com os mais fortes. Se a Europa nunca nos desprezou é altura de sermos gratos com tudo aquilo que ela nos tem dado.

20 dezembro 2007

O Oeste Europeu – A dimensão e a localização como des/vantagem

Quando seis países se juntaram para formar a Comunidade Europeia pensarem em criar um espaço que proporcionasse trabalho e não pusesse os trabalhadores dum Estado contra os trabalhadores de outro. As possibilidades de cada um se desenvolver seriam idênticas porque deixavam de existir barreiras no acesso aos bens essenciais determinantes para esse fim.
Cada Estado tem os seus problemas internos, a sua estrutura social, os seus conflitos entre empregadores e empregados, a sua maneira de abordar as questões sociais e isso só lentamente pode mudar. O que logo mudou, porque remetido para o baú da história, foram as invejas entre Estados, as conflitualidades violentas, as guerras de rapina à moda antiga.
Esta forma de organização não corrige porém um problema que só surgiu depois de a Comunidade ter assumido uma dimensão muito superior à original. A divisão internacional do trabalho, que foi feita entre os seis países iniciais com base num princípio de complementaridade e sem grandes atropelos, impõe agora uma outra lógica, dependente em muito da pouca intervenção da generalidade dos Estados na economia.
Não é mais possível pensar em certas influências que, mesmo sem economia estatizada, os governos iam exercendo para suavizar a competição e para levar mesmo à tal complementaridade. Quantos mais Estados pertencerem à Comunidade mais difícil se torna não deixar entregue às forças brutas da economia a divisão internacional do trabalho.
Só o conhecimento de quais são ou virão a ser os sectores económicos mais determinantes no desenvolvimento poderá permitir-nos concluir se a nossa dimensão e a nossa localização só por si, sem a consideração de outros factores negativos, que também os há, não formarão uma forte desvantagem para nós.

19 dezembro 2007

O Oeste Europeu – Uns agricultores nem ouvidos nem achados

Quando seis países se juntaram para formar a Comunidade Europeia pensarem em criar um espaço de paz e liberdade. E foi tal o seu sucesso que logo outros países quiseram aderir, mesmo colocando sérias reservas a algumas políticas comuns, de que o caso mais saliente é a politica agrícola.
A política de garantir um abastecimento sem problemas das cidades industriais e de serviços, daqueles que se dedicam a outros ramos de actividade essenciais para o desenvolvimento de todos, levou a que se atingisse uma produção excedentária, que a Comunidade optou por pagar, mesmo sem utilidade ou mantendo as terras em pousio.
Houve muitos países que nunca aceitaram este estado de coisas optando por, não conseguindo impor os seus pontos de vista, obter outras compensações. Portugal entrou na Comunidade sabendo que estava a condenar quase toda a agricultura que ainda se fazia e a obrigar a mudar de vida uma parte significativa da sua população. Como esta parte era a mais iletrada, mais crente e levou uns tostões anestesiantes a mudança foi-se processando sem grandes sobressaltos.
Se as coisas tivessem sido ditas com clareza, teria havido nos meios agrícolas não euforia mas desassossego. Todos se esqueceram da dimensão das nossas explorações agrícolas. Deliberadamente porque falar em reestruturação fundiária sempre foi um tema incómodo e repudiado. Os nossos agricultores ficaram com certeza mais satisfeitos em caírem mas de pé.
A reconversão fez-se sem plano, sem preparação. Imensas pessoas foram trabalhar nas confecções, no calçado, na construção civil. Permaneceram no mesmo ponto da escala social, não houve progressão alguma. Toda a economia haveria de sofrer com a baixa habilitação desta remessa de mão-de-obra.

18 dezembro 2007

O Oeste Europeu – A defesa dos valores europeus

Quando seis países se juntaram para formar a Comunidade Europeia pensarem em se defenderem e aos seus vizinhos da barbárie. Não foi sua ideia construir um império, dominar o mundo. Para sermos justos temos que reconhecer este facto, independentemente de reconhecermos ou não iguais ideais e objectivos às potências dominantes no mundo, como os E.U.A., a China, a Rússia, a Índia, ou ao mundo islâmico.
Não concebo que se qualifique alguém como um homem culto, se não defender os princípios básicos que presidiram à criação da Comunidade Europeia, independentemente de outros princípios mais genéricos ou mais particulares que se enquadrem com estes. Os desvios ocorridos, as alianças espúrias podem e devem ser analisados enquanto deficiências de funcionamento deste Europa ainda dependente de forças de base exterior.
A luta para que os outros blocos políticos partilhem os mesmos valores e consigam conviver e serem solidários na busca de um desenvolvimento mais equilibrado, deve ser também a nossa luta. Isto porque, caso não ocorram progressos neste domínio, só podemos ter um papel mais determinante no contexto internacional se investirmos na nossa defesa, que o mesmo é dizer na criação de um exército europeu e no desenvolvimento do armamento.
O falhanço reconhecido de Barroso, que tão mal representou o espírito europeu e que foi o representante da ala mais integralista, mais temerosa do “mal” islâmico, mais manipulada pela direita americana, deve-nos fazer pensar em corrigirmos de vez o nosso posicionamento subserviente e seguidor em relação ao velho, e por vezes nefasto, aliado inglês e deve pôr a Europa de sobreaviso para com o farisaísmo inglês.

17 dezembro 2007

O Oeste Europeu – O nosso ritmo de desenvolvimento

Quando seis países se juntaram para formar a Comunidade Europeia fizeram-no por razões bem diferentes das que hoje levam às novas adesões. Os sábios da época constataram que as diferenças de condições de vida dos diferentes povos europeus sempre foram utilizadas por reis e republicanos, políticos sem escrúpulos, para os pôr em guerra.
A única forma de obstar ao recurso à satisfação dos instintos mais primários do homem, concluiu-se, foi caminhar no sentido da criação de condições de vida semelhantes, do acesso em igualdade aos bens naturais, da criação de mercados únicos e sem protecção unilateral. Só assim se obstaria ao aparecimento de políticos demagógicos e, no extremo, loucos, como os que no passado haviam posto a Europa a ferro e fogo.
No geral não são estes novos Estados aderentes que poderiam lançar uma guerra como as do passado, a não ser umas guerrilhas entre eles, mas que, como se vê nos Balcãs, não são menos brutais e animalescas. Se porém a Comunidade entendesse fechar-se dentro das fronteiras dos Estado aderentes podê-lo-ia ter feito.
Diferente é o entendimento estabelecido desde que se resolveu orientar a política europeia para a criação de uma largo espaço de cooperação e solidariedade. A Europa é para todos os europeus e até para os que querem prosseguir objectivos idênticos pelo que a ninguém deve ser negado o direito de adesão, associação ou a outra forma de colaboração.
É porém perfeitamente estúpido, de atrasados mentais, mentecaptos e de chulos querer que nos ponham de uma hora para a outra aos pés dos mais ricos. Com que diabo de direito? Com que base económica? A única garantia que nos pode ser dada é que devemos exigir a igualdade competitiva, baseada em primeiro lugar na igualdade de oportunidades, para que vão melhorando, ao ritmo a que formos capazes, as nossas condições de vida.

16 dezembro 2007

O Oeste Europeu – Terra de sonhos e frustrações

Sempre sonhamos alto. Os nossos reizinhos de opereta sempre se julgaram com direito ao sacro império romano germânico. Tudo que seja menos que o primeiro lugar é desprezível, equivalente ao último. Quando este nos calha em sorte, abrenúncio que é o diabo.
Na verdade, descontadas as desvantagens naturais, nós temos o que merecemos. A sorte não nos deu poços de petróleo e talvez ainda bem, senão tínhamos de aturar algum macaco armado em imperador. No fundo somos uns ingratos, não agradecemos aquilo que temos.
Esta mania dos grandes desafios tem-nos postos várias vezes eufóricos, logo de seguida desesperados. Meteu-se-nos na cabeça que devíamos viver tão bem como os alemães, que devíamos estar na cabeça da Comunidade. Fora assim e eles haviam de ver como nós gozaríamos ainda melhor que eles, esses alemães tão frios e distantes, que só sabem trabalhar, o prémio em dinheiro do primeiro lugar. E político que se preze, que não tenha isso como exigência primeira, que vá pastar anzóis.
Só o partido comunista e outros esquerdistas, disfarçados ou não, não precisam de prometer nada. Basta-lhes dizer aos incautos que pressionem o governo para lhes dar o céu na terra. Se prometem, que cumpram. Esta barbaridade repetida até à exaustão até para eles já soa a verdade, tão inebriados estão com a maneira como a sua cabeça funciona, pela inércia que o Cunhal já lhes deu gás bastante.

15 dezembro 2007

O Oeste Europeu – Não podemos dar oportunidade à frustração

A euforia instalou-se de novo. Aquilo que outros levaram décadas a conseguir, que houvessem pessoas suficientemente habilitadas e em razoável número para acompanharem as novas tecnologias e estarem aptas a desenvolver trabalho especializado, estamos nós prontos a obter em poucos dias.
Não faltará muito para que não haja analfabetos, iletrados, ineptos, desadaptados, marginalizados. Todos ou quase todos, mesmo quase todos estaremos aptos a ler, a interpretar, a falar, até mesmo a coligir, a analisar, a sintetizar. E a exercer uma qualquer profissão, seja velha ou nova.
Falsas expectativas temos já tido muitas pelos séculos fora. Os falsos profetas vão abundando. A salvação já nos tem sido tão prometida mas tarda a aparecer. Será este povo capaz de dar um salto tão grande em tão pouco tempo? Custa a acreditar.
As pessoas são atraídas às novas oportunidades com exageradas expectativas. Cuidado que a frustração pode ser maior que as expectativas que se criam. Se as novas oportunidades levantam o moral por uns tempos, que não tornem a recaída mais grave no futuro.
È necessário que em simultâneo se criem oportunidades para quem vem com tanta esperança às novas oportunidades.

14 dezembro 2007

O Oeste Europeu – a oportunidade das oportunidades

Convencemo-nos enfim que a agricultura de subsistência é residual, que a agricultura em geral é economicamente irrelevante, que não podemos assentar a nossa economia em indústrias de mão-de-obra intensiva, que temos que puxar pela nossa cabecinha para injectar nos nossos produtos umas mais valias provenientes dos nossos neurónios.
Aí apareceram as novas oportunidades, enfim, a última hipótese de, com dinheiros da Comunidade Europeia, darmos genica, elasticidade, a ginástica necessária às tais cabeças para que sejam capazes de fazer mais alguma coisa do que rolhas e sardinhas em conserva e ter algo para oferecer além do mar e do sol.
Até os velhinhos apareceram à chamada para que não tenham que ir para o outro mundo sem levarem o certificado de habilitações que lá lhes permita um bom lugar. Com o certificado nas mãos já todos teremos acesso às melhores Universidades e Institutos (da Terceira Idade), que nós gostamos de dar valor a quem o tem, mesmo que seja só para untar o ego.
Os nossos cílios cerebrais fervilham de actividade. Agora somos o Oeste, estamos logo à frente do Oeste Americano, não do farwest, mas da célebre Costa Oeste, do Silicon Valley. Aqui se formam profissionais de todos os sectores, estamos prontos a servir nem que seja na hotelaria. Venham os euros.
È esta a nossa oportunidade?

13 dezembro 2007

O Oeste Europeu – a oportunidade dos oportunistas

A euforia provocada pelos subsídios foi para muitos de curta duração. O diferencial de rendimentos agudizou-se. As classes com mais poderes reivindicativos foram amealhando benesses. Em vez de chegarem nos previstos vinte anos aos rendimentos médias da Europa conseguiram-no nuns quatro ou cinco. Os mais necessitados receberam as migalhas, até se contentaram com uns rendimentos mínimos.
A dinâmica criada leva-nos a arriscar que estes nunca lá chegarão. As carruagens de primeira são dum luxo nunca visto. Os favorecidos habituaram-se às mordomias a que nunca tinham tido acesso, que no tempo de Salazar havia mais modéstia. E tivessem eles conhecido Cunhal, que haveriam de ver. Mas também este dinheiro não é elástico. Para uns terem muito, há quem pouco tenha. Continua-se a trabalhar em sótãos, caves, pavilhões imundos.
E continua-se a sonhar com bons carros, boas moradias, boas férias num paraíso tropical à escolha. Quando a Comunidade entendeu que esse género de trabalho devia ser entregue a povos ainda mais pobres do que nós, foi a catástrofe. Deslocalizados o calçado, as confecções e outras miudezas ficamos com o nosso cérebro tão vazio como os campos abandonados. Temos neurónios mas falta-nos imaginação.
Depois do que fizemos pela pátria há quinhentos anos, é certo, fomos bravos marinheiros mas merecíamos melhor. Contemplamos com nostalgia o mar agora cheio de chineses que esses estão por demais habituados a isso e o mar a nós já nos enjoa. Perdemo-nos nas noites e dormimos quando devíamos estar acordados.
Venha de lá alguma luz…

12 dezembro 2007

O Oeste Europeu – a oportunidade dos subsidiados

No Oeste da Europa vimo-nos Gregos para nos vermos livres de tanta cobardia, tanto fardeta. Votos em branco, cheques sem destinatário, fomos franqueando-lhes tudo, que com tão fraca herança não tínhamos muito para oferecer. Não mostraram nada de novo que não fosse quererem enfiar-nos em comboios já superlotados e sem abastecimento.
Aparecerem toda a espécie de “arautos” grotescos prenhes de promessas de mundos novos. Experiências houveram algumas, aprouvera que não deixamos nunca que nos comprometessem o futuro. A questão verdadeiramente nunca saiu da escolha do modelo.
O caminho acabou por se fazer por um centro que sempre será o menos perigoso para um povo habituado somente a copiar os outros. Afinal nós já somos velhos nisto e há séculos andamos à procura da salvação. Se sempre soubemos aquilo que não queríamos, a verdade é que também levamos com muitas charutadas.
Feita a escolha, deixamos de fugir e esperávamos a salvação. Aceitamos confrontarmo-nos economicamente com a Europa, que nós somos fortes, valentes e não nos vamos deixar ficar para trás. Mandaram-nos uns bons subsídios e a coisa lá foi andando, o PIB a crescer, as expectativas a dispararem.
Como somos bons a pedir! Só que ao primeiro tremor na Europa aqui ocorreu um terramoto. Não é que nós tenhamos má memória deles, salvem-se os que morreram na baixa de Lisboa. Mas a verdade é que hoje há televisão, telejornais e isto é um choradinho pegado, já ninguém pode analisar os acontecimentos senão com aquele ar pesaroso de gatos-pingados em velórios de ricos.
Venham mais subsídios…

11 dezembro 2007

O Oeste Europeu – a oportunidade dos cobardes

Andamos há séculos à procura da nossa salvação, não como homens, que essa andança tem milénios, mas como portugueses, essa miscelânea particular de raças que vai sobrevivendo no Oeste Europeu.
Remédios foram aparecendo como a expulsão dos mouros, a plantação do pinhal de Leiria, a leis das sesmarias, as descobertas, o comércio das especiaria da Índia, a expulsão dos judeus, a invasão de Ceuta, e não fora a derrota da Armada Invencível, o definitivo remédio estaria encontrado dentro do Império Espanhol.
Restauramo-nos e ainda fomos a tempo de sacar o ouro do Brasil, mandar para lá escravos para trabalhar nos engenhos de açúcar, de sonhar com o Marquês, com o liberalismo que nos deixaram, com as colónias que não perdemos no ultimato inglês e sacrificadamente defendemos na Primeira Guerra Mundial.
O temor que já nos assustava tomou conta de nós, entregamos o nosso destino a um sacripanta miserável e hipocondríaco. Empastelamo-nos em África nas bolanhas do nosso desgosto. Andamos fugidos do mundo, acusando sempre os outros de serem piores do que nós, autênticos pilares da virtude. Assumimos o ensimesmamento de Salazar.
Tentamos recuperar a realidade, vir ao encontro dela numa noite de Abril, mas fizemo-lo como um exército de maltrapilhos comandado por gente sem bússola, ao sabor do vento de ocasião. Empenhamos quase aleatoriamente em vários fardetas um futuro que era tudo menos fácil, mas que nos deslumbrou.
Demos oportunidade aos cobardes...

Aqui pode vir a falar-se de tudo. Renegam-se trivialidades, mas tudo depende da abordagem. Que se não repise o que está por de mais mastigado pelo pensamento redondo dominante. Que se abram perspectivas é o desejo. Que se sustentem pensamentos inovadores. Em Ponte de Lima, como em todo o universo humano, nada nos pode ser estranho.

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"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck

"Big Man" 1998 (1,83 de altura) - Obra de Mueck
O mais perfeito retrato da solidão humana